sexta-feira, 12 de junho de 2009

A FECHAR E A TRANSFERIR

Somos Políticos Apartidários Intervenientes com imensa vontade de tentarmos melhorar o nosso País que tão grande foi no passado mas que se deixou definhar aos poucos.
Só as 7 maravilhas portuguesas no mundo já dizem qualquer coisa daquilo que fizemos e que deixámos de continuar.
Pelo menos agora, vamos instituir uma verdadeira democracia: uma democracia real.
Para isso, é necessária a ajuda de todos. Colaborem.
Tínhamos este blog desde 4 de Abril de 2007.
Mudámos agora, por conveniência, para o blog que tencionamos manter durante muito tempo:
http://compincha.wordpress.com/
e o endereço electrónico é:
apartidarios@gmail.com
Obrigados pela comparticipação.
CãoPincha

quarta-feira, 10 de junho de 2009

"VITÓRIA!" DISSERAM ELES

CÃO: Ouviste o alarido com que clamaram «vitória»?
PINCHA:
Não compreendo em relação a quê é a vitória. Se é uma luta de galos está bem. Se é por causa dos chorudos vencimentos e mordomias que os «eleitos» vão ter, até está óptimo. Mas, se é para o bem do povo não vejo qualquer vitória mas sim «despesa». Tenho de esperar pelos impostos.

CÃO: Se eles ganharam por maioria?
PINCHA:
Maioria de quem? Da abstenção?

CÃO: Explica lá isso melhor.
PINCHA:
A abstenção foi de 63%. Logo, votaram apenas 36%. Destes, 4,63% são brancos e 2% nulos. Sabes o que significa isso para quem não é «cegueta» ou «mentecapto»?

CÃO: O que é que queres dizer com isso?
PINCHA:
Aqueles que votaram em branco, provavelmente, disseram que queriam participar nas não eleições e na vida politica (sem ser a democracia orgânica, de Salazar) mas que não conheciam suficientemente os candidatos e os seus programas. Os votos nulos até podiam querer dizer qualquer coisa mais: que conheciam suficientemente os candidatos para não terem confiança em qualquer deles.

CÃO: Se isso é verdade, o que se vai fazer?
PINCHA:
É muito simples. Introduzir no boletim um quadradinho em que o eleitor possa dizer que não confia em qualquer dos indivíduos ou partidos apresentados no boletim. Assim, talvez até a abstenção seja capaz de diminuir drasticamente. Se temos a mania de que somos os «melhores do mundo» ou pelo menos, fomos, qual a razão de não se instituir uma regra semelhante? Seríamos os pioneiros e saberíamos, de imediato, alguns dos anseios dos portugueses. Suponho que «quase» nenhum dos eleitores mentalmente saudáveis, a não ser os correligionários, comparsas ou beneficiários, iria votar agora num Dias Loureiro, Oliveira e Costa, Rendeiro, Vale e Azevedo e muitos outros que não se mencionam para não engrossar a lista. Se assim não for, como poderemos «demonstrar legalmente a nossa indignação» para com o estado de coisas em que estamos?

CÃO: Votando em branco ou riscando o boletim como já propuseste.
PINCHA:
Para quê? Para os «fazedores de opinião» dizerem que uns são analfabetos e não sabem votar e que outros se esqueceram de fazer a cruzinha no local apropriado? Qual o interesse que as pessoas honestas têm de ir votar nestas condições se não puderem protestar «honesta e claramente» contra o estado de coisas a que nós chegámos sem se «esquecerem daquilo que não se lembram» como o Dias Loureiro e outros que tais?

CÃO: O Dias Loureiro não tem bens para penhorar!
PINCHA:
Pudera! Deve ter-se esquecido deles em alguma empresa tal como o Vale e Azevedo. Até tenho pena deles e estou a ponderar em fazer uma subscrição pública para os ajudar a todos a não cair na indigência como o Manuel Damásio dos cavalos, etc. que não tem coisa alguma e, só por isso, quase que não tem de pagar impostos. Vive à custa dos amigos que o ajudam por ser muito boa pessoa.

CÃO: Mas estás tão insatisfeito com as votações?
PINCHA:
Não estou insatisfeito. Estou perplexo e desconcertado com as euforias. Se fizeres as contas, vês que o partido chamado vencedor não tem mais do que 9,58% da população portuguesa a seu favor incluindo os correligionários, os arrivistas ou oportunistas, os funcionários, os indiferentes e, talvez, alguns distraídos ou aqueles que não tinham ninguém mais em quem votar. Repara que é absolutamente trágico, caricato e inconcebível «arrotar» uma maioria quando, com todos os pertences juntos, nem 10% da população está em seu favor. É arrogância demasiada. É não ter o senso da realidade ou ter senso a mais porque, com a faca e o queijo na mão poderão distribuir as melhores fatias pelos «seus» deixando os outros 90% da população a tropeçar na miséria. Isto será democracia? Se a diferença fosse de 50%, talvez se pudesse admitir desde que os outros 50% não ficassem a uma distância muito grande dos afortunados. Se assim não for, não estaremos a muita distância de Salazar que nunca «gramei», pelo menos, tinha menos corruptos e vigaristas.

CÃO: Estás maledicente e parece que estás desiludido.
PINCHA:
Não estou desiludido. Estou desorientado. Quero votar, quero participar, quero no meu país a democracia que foi prometida em 25 de Abril de 1974 e parada em 2 de Maio, podendo eu ter dúvidas de que ela começou a ser praticamente desvirtuada, logo de início, com a primeira tomada de posse de alguns dos membros da Junta de Salvação Nacional. E não sou só eu que digo isto!!!

CÃO: Vamos dormir que já não aguento o teu mau humor.
PINCHA:
Oxalá que durmas bem e que não te comece a faltar a comidinha, o descanso e os passeios de demarcação de que tanto gostas. Com o rumo que as coisas estão a tomar não auguro nada de bom. Se querem a verdadeira democracia com participação do povo, que dêem voz activa aos que têm de trabalhar e não têm tempo a perder nos partidos e nos comícios. São esses que sustentam a economia, o desenvolvimento e o progresso do país. A esses é necessário dar voz para poderem dizer rapidamente aquilo que querem e aquilo que não querem. Para eles, oresto do tempo é para trabalhar, sustentar a família e descansar para conseguirem «render» mais. E é tudo tão simples: basta introduzir mais um quadradinho para o cidadão poder dizer que não deseja votar em qualquer dos nomes indicados no boletim.

Aí a participação poderia aumentar e a democracia ficar fortalecida para o povo e não para alguns.

domingo, 7 de junho de 2009

«VICTORY»

CÃO: Estão a gritar “Vitória”, “Vitória” na televisão.
PINCHA:
Quem esteve a gritar? A Abstenção?

CÃO: Não. Foi o PSD.
PINCHA:
Devem ser os «challengers» a dizer que tiveram uma «performance» muito boa e que são melhores (ou os menos piores?) do que os outros.

CÃO: O que queres dizer com isso?
PINCHA:
Se calhar, nas eleições anteriores foram nabos em vez de serem mais espertos como se julgam agora. Talvez até tenham sido pouco escrupulosos nas suas actuações anteriores para deixarem fugir os votos para outro partido. Os eleitores devem ter-se fartado das suas «fugas», asneiras, burrices e intrujices, tal como se mostram agora fartos do partido que está com a mão na massa e a fazer asneiras sobre asneiras.

CÃO: Que asneiras? Do deserto? Dos camelos? Do Freeport? Do Eurojust? Dos empreendimentos megalómanos em tempo de crise? Do PBB e BPN onde também os outros estão metidos?
PINCHA:
Sim, mas também do «Marocas» para Presidente e, agora, do «Mortal» para a União Europeia.

CÃO: Tu bem dizias que andavas a rondar os caixotes de lixo a ver se encontravas alguma coisa que prestasse.
PINCHA:
Não tive sorte alguma! Muita mosca, mas «the remaining» é o mesmo. Nada se aproveita.

CÃO: E a propósito de vitória, quem achas que ganhou?
PINCHA:
Seguramente, não é o povo português que não necessita de derrotas nem de vitórias. Isso é para o futebol e para os politiqueiros. O que o povo necessita é de uma equipa «honesta» e «não-maldizente» que governe de acordo com as suas propostas eleitorais para a maioria dos que os elegeram, sem menosprezar as minorias que não conseguiram fazer vingar a sua voz mas que também têm muito de válido para oferecer.

CÃO: Como se poderia fazer isso? É quase impossível!
PINCHA:
Os partidos não apresentaram as suas ideias ou «promessas»? Algumas das promessas dos partidos que não venceram têm muita validade até para os que ficaram em maioria. Se essa maioria convidasse esses indivíduos com ideias válidas para fazer parte do elenco governativo, que mal viria ao mundo? Talvez o mundo funcionasse melhor! A não ser que o partido vencedor se julgue com toda a razão tal como fazia o «ditadorzinho das botas». Não verificaste diferença entre o «Barraca» e o «Embuste»? Em todos os partidos existem «cabeças» válidas; de contrário, não teriam qualquer voto. O que vão fazer estes indivíduos quando chegarem a compreender que todas as suas aspirações válidas são esmagadas, repudiadas, menosprezadas? Vão para a revolta ou calam-se e sofrem silenciosamente? Toda a panela de pressão tem uma válvula de escape! Descobriste alguma?

CÃO: Estás a falar em impossíveis.
PINCHA:
Não senhor. Seria tão bom que os políticos tivessem treino e perfil de estadistas e não uma atitude de vendedores de feira e meliantes maldizentes. Caso contrário é melhor ir trabalhar para a um campo de concentração ou para gangs de malfeitores. Pelo menos, seriam mais sinceros.

CÃO: Estás mesmo maldizente.
PINCHA:
Não. Sinto-me mais lúcido do que nunca e cada vez mais elucidado à medida que ouço as campanhas eleitorais e os auto-elogios dos governantes com toda a maledicência dos outros e para os outros. Afinal, a maioria dos que lá esteve fez melhor do que os outros que lá estão ou estariam? Se não se locupletaram fizeram alguma asneira ou favoreceram o partidário. Traz um foco de alta intensidade e uma lupa para tirarmos isso a limpo.

CÃO: Qual a razão de tantos votos brancos e nulos se a abstenção é muito grande?
PINCHA:
A razão é simples. Nos brancos não se diz nada; mas nos nulos aqueles que sabem escrever dirão alguma coisa? Provavelmente, os poucos eleitores que ainda «aturam» estes «politiqueiros de pacotilha» estão a mostrar, como no futebol, o cartão amarelo para não terem de mostrar o cartão vermelho dentro de pouco tempo.

CÃO: Estás mesmo pessimista!
PINCHA:
Qual a nossa reputação lá fora tirando alguns investigadores, empresários e quadros superiores que já nem devem querer saber deste país? É triste, mas é verdade.

CÃO: O que achas que se deve fazer?
PINCHA:
Falar menos, trabalhar mais, ouvir os outros, colaborar e tentar compreender sem nunca deixar de ter um rumo principal que é o de trabalhar para o bem do povo. Até amanhã. Vamos ver o que o futuro nos reserva.

domingo, 31 de maio de 2009

OS MALABARISMOS DAS ELEIÇÕES E GOVERNAÇÕES

CÃO: Viste no Expresso a notícia a dizer que Cavaco Silva e família tinham mais de 100.000 acções do BPN, que venderam passado algum tempo e ganharam na transacção?
PINCHA:
Sim. Mas isso é ilegal ou criminoso?

CÃO:
Que eu saiba, não.
PINCHA:
Então, qual a admiração?

CÃO: A primeira, é o título da notícia. A segunda é a informação de que a equipa da Presidência não quis prestar mais informações sobre o assunto. A terceira é a escolha de factos comezinhos, que acontecem constantemente a certas pessoas, para os utilizar como chamariz para vender jornais!
PINCHA:
A não ser que as acções tenham sido vendidas «num momento oportuno» pouco antes de se saber do descalabro do Banco e com informação privilegiada.

CÃO: E se o dono das acções fosse um jogador habitual da bolsa?
PINCHA:
Então poderíamos «desconfiar» que qualquer coisa de sobrenatural, incluindo a escolha de colaboradores, assessores, etc. tal como o engenheiro «arguido» que aparece agora ligado ao caso Freeport.

CÃO: Agora que se aproximam três eleições seguidas, o que mais se irá desenterrar para anunciar em parangonas espectaculares a fim de vender mais jornais e iludir os contribuintes?
PINCHA:
Não sei, mas tudo é possível nesta luta pelo poder, com o lavar de roupa suja e as insinuações, às vezes, malévolas, feitas por todos os partidos. O que gostaria é que isso não acontecesse e que todas as propostas se transformassem em ideias e ofertas voluntárias para servir o público. Que os chamados candidatos, fazendo propaganda à custa do contribuinte, não corressem atrás do dinheiro, da vida fácil e das «benesses» de Bruxelas e de Lisboa. É que eles surgen agora que nem cogumelos! Mas, para isso, seria necessário que todos os nossos políticos fossem devidamente «educados» desde o berço e não nascessem gananciosos, com bons exemplos para imitar.

CÃO: É por isso que andas a vasculhar os contentores de lixo em vez de ser eu os marcar com o meu perfume peculiar?
PINCHA:
Sim. Procuro desesperadamente alguém que:
- tenha idade e vontade de «trabalhar» e educação sem os vícios que esxistem,
- seja dedicado à causa pública e não a interesses particulares,
- utilize o bom senso e a calma,
- não nos iluda com conversas fiadas em que muito se promete enquanto se deseja o contrário,
- seja humilde, aprenda com os erros e justifique as suas acções publicamente, sem intermediários,
- seja honesto e franco, apresentando publicamente os bens que possuir à «entrada» e à «saída»,

CÃO: Na tua ronda pelos contentores tiveste a sorte de encontrar alguma coisa?
PINCHA:
Ainda não, mas continuo à procura. Se não encontrar, vou dizer o que acho de todos estes «fala baratos» que não passam de «maldizentes mútuos e crónicos». Em mais de 30 anos de «democracia» descobriste algum? Contudo, todos se dizem melhores do que os anteriores e posteriores.

CÃO: Então, andas à procura de outro Salazar?
PINCHA:
Nem por sombras. Contudo, não me importava de ter alguém com 25% de honestidade de Salazar com 75% daquilo que Quirino de Jesus dizia e de que falámos um dia no nosso post CARNAVAL CENSURADO, de 21 de Fevereiro deste ano.

CÃO: Por acaso, já leste com atenção o FIM DE PRUMO, de Alves da Fraga, que diz também algumas coisas sobre a política? Talvez descubras algum caixote de lixo onde possas ir buscar o teu ideal.
PINCHA:
Não acredito. Mas alguns comentários que fiz no seu blog ainda não viram a luz do dia. São «moderados». Talvez também não lhe convenha divulgar tudo o que dizem a respeito do seu blog. Por isso, devido à «revolução» pelo menos nos livrámos das antigas CENSURA e PIDE. Haja saúde.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

QUE MAU CHEIRO!

CÃO: Aqui cheira mal mas não vejo passar alguém que se tenha «esquecido» de que estava num lugar público com gente perto de si.
PINCHA:
Tu não vês que estamos junto do BPN?

CÃO: Já compreendo. Deve ser um depósito que ficou mal fechado ou que se está a abrir.
PINCHA:
Tal como na Comissão da Assembleia da República?

CÃO: Sim. Mas o homem não levou o BI consigo.
PINCHA:
Também não consigo compreender como é que o deixaram entrar sem o BI.

CÃO: Deve ter ficado com o Coimbra!
PINCHA:
Assim já entendo!

CÃO: Não compreendo como é que num Banco ninguém saiba de coisa alguma e que uns não saibam aquilo que os outros fazem ou se esqueçam daquilo que fizeram ou deixaram de fazer. O que é que se fará no Conselho de Estado? Os Conselhos e as Administrações dos Bancos servem para quê? Para «encaminhar», em seu nome, para os «offshores», o dinheiro dos depositantes?
PINCHA:
Pelos vistos parece que essa é uma função e preocupação dominantes. Dá para adquirir muita coisa sem preocupações, porque o contribuinte irá esportular «o seu» a bem da Nação. O Vale e Azevedo sabe disto muito bem.

CÃO: Mas os que estão nos Partidos e no Banco, não são pessoas sérias, honestas e económicas, que trabalham para o bem do povo, conforme apregoam?
PINCHA:
Absolutamente. Essas pessoas até são tão económicas e transparentes que nem vão às casas de diversão ou «peep shows». Vêem economicamente o rabo dos jovens no meio da rua. Qualquer dia vão ter o prazer de ver o rabo dos velhinhos. à borla. Não falta aqui nem seriedade nem honestidade. E, atrevés dos acontecimentos do Freeport, BPN, BPP, Submarinos, Pandur, Comunicações, Radares, Informática, vemos que tudo é muito claro.

CÃO: E no Estado?
PINCHA:
Quando ganham prática cá fora vão para o Estado e depois de prestarem um serviço relevante, por mais curto e especializado que seja, vão descansar para alguma Empresa onde podem passar o resto da sua vida a demonstrar aquilo que aprenderam antes. Não há nada que saber. Só que o povo é tão «desinstruído» que não se apercebe das maravilhas que os seus governantes fazem.

CÃO: Mas no caso da Maddie parece que há um mistério.
PINCHA:
E continuará até ao momento em que os pais dela conseguirem descobrir o «pedófilo» super-homem, talvez invisível, que consegue estar em todo o lado ao mesmo tempo.

CÃO: Não continua a cheirar mal? Já não estamos junto do BPN.
PINCHA:
Um pouco. O tal super-homem invisível pode-se ter descuidado ao passar por cá.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

MEMÓRIAS, MEMÓRIAS…

CÃO: Disseste alguma coisa no blog psicologiaparaque?
PINCHA:
Disse que tínhamos gostado do mesmo e que também conhecíamos factos acerca do nível social dos «marinheiros» em relação aos outros dois ramos das Forças Armadas.

CÃO: Tu sabes alguma coisa sobre isso?
PINCHA:
Um amigo meu contou-me que quando esteve, há muitos anos, na Base do Montijo o comandante, que era oriundo da Marinha, fazia questão de convidar os oficiais e suas esposas pelo menos para um jantar anual, na Base, no qual todos confraternizavam. E não vivia ninguém na Base! Quase todos viviam em Lisboa ou arredores.

CÃO: E qual a novidade?
PINCHA:
É que no Exército e na Força Aérea, raras vezes isso acontecia. Além disso, até na Guiné, os oficiais da marinha que tinham lá as esposas levavam-nas para a messe pelo menos uma vez por semana para jantarem todos juntos. Isso acontecia nos outros dois ramos das Forças Armadas? Parece que os oficiais querem as esposas longe dos camaradas.

CÃO: Achas que sim? Porque será?
PINCHA:
Não sei. Pode ser apenas coincidência ou falta de lembrança. Até pode ser que os homens prefiram ficar com a «língua» mais solta. Ou até pode acontecer que gostem de contar as suas «aventuras». Mas não há dúvida que seria muito mais agradável e «civilizado» que todas as senhoras estivessem a conviver, em conjunto com os maridos, sem o preconceito das patentes, dos graus académicos ou dos títulos nobiliárquicos.

CÃO: Continuará a ser assim?
PINCHA:
Não sei. Já não me encontro com esse amigo, que foi miliciano durante muito tempo por causa da «guerra», mas pelo que li no blog psicologiaparaque, essa ideia de não convidar especificamente as esposas continua válida e, a de elas não irem «mesmo á revelia», também.

CÃO: É assim tão desagradável para os humanos terem as esposas junto de si ou será que elas servem só para tomar conta da casa?
PINCHA:
Não são, mas não tenho dúvidas de que em muitas empresas e até estabelecimentos de ensino fazem festas, que não são especificamente reuniões de serviço, em que convidam só os «titulares» e nunca as esposas. Elas também não vão acompanhar os maridos.

CÃO: Talvez se sintam bem com outras companhias para não estarem sozinhas!
PINCHA:
Talvez, mas o meu amigo não tinha essa ideia e sentia pena de ir sozinho.

CÃO: Eu não tenho cá a minha companhia porque não a possuo.
PINCHA:
O velho do portão também já não a tem. Mas eu tenho e o tempo que estou aqui contigo é para apanhar sol ou desentorpecer as pernas enquanto a minha mulher estiver a fazer trabalhos nos quais não posso interferir. Viste que não me demoro muito. Até amanhã.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

DAS PALAVRAS AOS ACTOS

CÃO: Viste hoje à noite, na SIC, a entrevista que Mário Crespo fez a Paulo Portas?
PINCHA:
Vi e gostei bastante. Acho que a gestão dos assuntos sociais deveria ser entregue a uma Instituição idónea que fosse capaz de «produzir» bem-estar nos seus associados os nos outros visados que necessitam, de facto, de ajuda e de incentivos para refazer a vida que está a ser destruída cada vez mais pela crise actual. Concordo com muito daquilo que ele disse especialmente em relação aos apoios que se estão a dar aos bancos em detrimento dos que são dados aos necessitados e às pequenas e médias empresas.

CÃO: Ainda bem que te vejo satisfeito e a não «desancar» nos políticos.
PINCHA:
Eu detesto os políticos que se aproveitam ou quando se aproveitam da sua condição para se auto promover, criticar sem razão, «encher os bolsos» ou utilizar a sua posição, exclusivamente, em proveito próprio enquanto o povo que os elegeu fica a perder e a penar.

CÃO: Ainda bem que te vejo assim. Pareces mais animado.
PINCHA:
Mas qual a razão da tua animação e boa disposição?

CÃO: Estive com o homem do portão que me afagou e disse que tivera ontem um belo dia. Tinha contactado velhos conhecidos e colegas e recordado muita coisa de que se esquecera nos últimos tempos. Tudo isso lhe tinha feito bem já que conseguira compreender que a sua mágoa antiga continua a ser partilhada por muitos dos actuais colegas.
PINCHA:
Eu não te disse que antigamente os tempos eram muito maus e que agora, apesar da chamada «revolução» muita coisa se mantém na mesma? Tu tens pouca idade e não conheces os tempos antigos. Eu já vivi muito e com inúmeras dificuldades que existiam antigamente, quer no campo político, quer no económico e profissional. A tal «revolução» acabou em 2 de Maio como já falámos em tempos.

CÃO: Assim, nada disto vai mudar tão cedo enquanto a educação, a instrução e a economia não derem um grande passo em frente, como tu dizes?
PINCHA:
Sim. São aspectos fundamentais mais do que os de dar de comer a quem tem fome em vez de o ensinar, ajudar a aprender e proporcionar meios para produzir aquilo de que necessita.

CÃO: Mas, pelo menos hoje, ficaste satisfeito com a entrevista.
PINCHA:
Ficaria mais satisfeito ainda se eles passassem das palavras aos actos e não ficassem pela retórica. Vamos dormir que já é tarde. Amanhã falaremos mais.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

CENTROS COMERCIAIS DO IMPOSTO E DA SAÚDE

CÃO: Viste a reportagem? Fiquei impressionado com a quantidade de gente que foi, quase de madrugada, para o novo Centro Comercial a ser inaugurado perto de Amadora.
PINCHA:
Fazer o quê?

CÃO: Para que os primeiros 100 pudessem receber um cheque brinde.
PINCHA:
Então, os que chegaram depois dos primeiros 100 ficaram de fora ou regressaram a casa?

CÃO: Ficaram lá à espera que o Centro fosse inaugurado e abrisse.
PINCHA:
Para quê?

CÃO: Para o ver e fazer compras. E julgo que os donos do Centro Comercial estão com boas perspectivas de lucro.
PINCHA:
Se as pessoas vão gastar dinheiro, necessitavam de estar lá tão cedo?

CÃO: Foram à procura dos cheques para os primeiros 100 mas depois ficaram lá e vão «deixar algum».
PINCHA:
É uma boa ideia para o Ministro Teixeira dos Santos.

CÃO: Como?
PINCHA:
Se ele necessita de dinheiro dos impostos, pode aprender com os donos ou promotores deste Centro Comercial.

CÃO: Não compreendo.
PINCHA:
Os que foram ao Centro Comercial estiveram à espera de alguma vantagem. Os pagadores de impostos têm alguma? Especialmente os bons? Os 100 primeiros recebem algum prémio ou alguma coisa em troca? Todos, só têm despesas, a não ser os que não pagam.

CÃO: Esses conseguem ter a benesse de fugir ao fisco.
PINCHA:
Pois é. Os que pagam bem e sempre, não recebem coisa alguma: só têm despesas. Os que conseguem fugir ao fisco, não têm esse desperdício e podem ter o lucro de uma amnistia ou de uma prescrição. É saber aproveitar o furo. Se num Centro Comercial desviasses alguma coisa, terias os fiscais ou os «seguranças» «à perna» e irias rapidamente para a Polícia ou para Justiça, se necessário. Os prevaricadores, embora os haja também nos Centros Comerciais, não têm a vida muito facilitada.

CÃO: E como poderia fazer o Ministro das Finanças?
PINCHA:
Muito simplesmente. Se o Ministro aprendesse alguma coisa com esses Centros Comerciais, apresentaria o valor do imposto com um mês de antecedência, dando o benefício de uma redução aos que resolvessem pagar antes da data obrigatória, isto é, antes do prazo fixado pela lei. Os que pagassem dentro do prazo seriam taxados normalmente. Porém, os que se atrasassem teriam coimas cada vez mais avultadas à medida que o tempo fosse passando, sem possibilidades de entrar em prescrição ou amnistia. Para isso, os «seguranças» teriam de estar sempre alerta, vigilantes e «sem esquecimentos».

CÃO: Assim, para isto, não seriam necessários Directores-Gerais especiais mas sim bons «seguranças», devidamente treinados, remunerados e atentos. Os que não servissem iriam fazer outro trabalho. É assim que acontece na segurança dos supermercados.
PINCHA:
Deste modo, pela sua boa actuação deveriam receber o bónus dado aos «manda-chuvas».

CÃO: Achas isto possível?
PINCHA:
Porque não? Os cidadãos pagadores dos impostos são os mesmos que vão fazer as compras nos Centros Comerciais. Por este motivo, não se consegue imaginar que o comportamento seja diferente. Do mesmo modo, se estes conseguissem sair do Centro Comercial com a mercadoria, sem pagar, não tenho dúvidas que o seu número iria aumentar. É o que acontece com os impostos e com a relutância no seu pagamento, porque muitos conseguem fugir ao fisco e não ser punidos. Não é isso que acontece também com os bons condutores e cumpridores da lei, sem haver necessidade de pilaretes nos passeios nem passadeiras com sinais luminosos? Porém, os bons pagadores ficam sem qualquer vantagem e com vontade de imitar os outros, sempre que possam. Mas alguns «esquecem-se» dessa vontade enquanto os outros vão subindo na escala social, política e administrativa. Nunca reparaste nisso? Até podem fundar bancos!

CÃO: Já compreendi. Talvez seja por isso que o Ministro da Saúde mantém os Centros de Saúde onde os utentes vão de madrugada marcar a sua vez tal como fizeram os que se acumularam à porta do novo Centro Comercial perto de Amadora.
PINCHA:
Sabes que a nossa saúde é um bem ainda mais precioso do que os prémios que os Centros Comerciais possam dar.

CÃO: Já compreendi o mecanismo.
PINCHA:
Ainda bem. Senão, terias de comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares do Ministro da Saúde.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

OS NUS E OS MORTOS E, AGORA, OS FUGITIVOS

CÃO: Sabes que mais?
PINCHA:
Parece que vens «baralhado». Que notícias trazes?

CÃO: Passei pelo homem do portão.
PINCHA:
Aquele de quem falámos em OS «CUIDADOS» NUM HOSPITAL?

CÃO: Esse mesmo. Quando me viu, chamou-me e perguntou se já sabia que havia quem fugisse do hospital mesmo nu e sozinho. Não compreendi coisa alguma.
PINCHA:
O que respondeste?

CÃO: Fiquei a olhar para ele, ligeiramente espantado. Ele continuou e afirmou que durante a sua permanência no hospital, também tinha sentido vontade de «fugir», mesmo nu e sem companhia.
PINCHA:
A notícia que foi dada na televisão não é bem assim. Parece que o pessoal tratou de «despir» à pressa e à última hora, um doente, para ele não «fugir» com os bens do hospital. Se não fosse assim, os bens dum hospital passariam para outro ou para um utente!

CÃO: Se assim foi, o soro e o oxigénio não eram do hospital? O hospital ficou a perder.
PINCHA:
O pior de tudo foi a viagem de cerca de 400 km entre Amadora e Ponte de Lima, sem companhia e sem qualquer assistência.

CÃO: Sabes que o homem me disse que a privacidade, até na casa de banho, é completamente ignorada nesse hospital e que as «auxiliares» abrem as portas enquanto os doentes, mesmo sem necessidade de ajuda, estão nas sanitas ou a tomar banho para depois se mostrarem muito surpreendidas? “Parecem daquelas encenações de comédia” disse-me o homem.
PINCHA:
Serão todas assim?

CÃO: Pelo que ele me fez significar, parece que foram aos caixotes de lixo ou aos contentores de reciclagem buscar o pessoal que foi rejeitado para a transformação.
PINCHA:
Será que pagam pouco e não conseguem melhor?

CÃO: Ele mostrou-se indignado com a situação e disse que até muitos médicos se fartam de andar pelos corredores a conversar, mas não prestam a devida atenção aos doentes nem lhes dão respostas pertinentes.
PINCHA:
E os gestores desses estabelecimentos quase públicos que «ganham mais do que bem» e têm «benesses» e «mordomias» não vêem isso? Provavelmente, não dá lucro.

CÃO: Depois de tudo isto, em que irá dar o inquérito que agora dizem ter instaurado?
PINCHA:
Provavelmente, vão «arranjar uma justificação» para os factos «insólitos», «raros», «inadmissíveis» que nunca acontecem e irão punir um dos intervenientes «mais baixos» desta cena, só para satisfazer a opinião pública. O resto vai continuar na mesma, incluindo os chorudos proventos dos mandantes!

CÃO: Lembras-te daquilo que o homem do portão nos disse sobre o enfermeiro de óculos bem falante que mandou para análise duas ampolas de sangue sem o rótulo ou a etiqueta do «dono»?
PINCHA:
Achas que se um doente tivesse feito algum reparo sobre o assunto aconteceria alguma coisa? Haveria uma justificação e os colegas estariam do seu lado. Uma mão lava a outra.

CÃO: Este é um país de brandos costumes, não é? E de mãos limpas!
PINCHA:
Fica a saber que as responsabilidades, mesmo que não existam, exigem-se só aos que estão mais «abaixo». Os outros ficam postos de lado ou «arquivados» e, quanto mais depressa, melhor! Chama-se a isso «Quickport». Por isso, é bom que os meios de comunicação social, uns a favor, outros contra, estejam a vasculhar a vida daqueles que estão na ribalta e a «mexer no nosso bolso». Sempre se vai sabendo alguma coisa, como as escrituras que desaparecem, falências que acontecem, projectos que se aprovam à última hora (ante-projecto de Empresa na Hora?), PDM que se vão adaptando, conversas «inocentes», etc. etc. Mesmo que se faça uma rotação de 360º como propõe o BES, não se consegue vislumbrar uma ténue luzinha na escuridão.

CÃO: Mas os «mais baixos» que souberem os «podres» dos «mais altos», podem «ficar a salvo».
PINCHA:
A não ser que, com a crise a aumentar de dia para dia sejam «comprados» com muito menos do que aquilo que ficou «a salvo».

CÃO: Estás a fazer lembrar a situação de Dias Loureiro. Toda a gente a falar mal dele quando ele até se indignou, pubicamente e na Assambleia, com as calúnias e as más notícias que se fizeram propalar a seu respeito. Não há pachorra!
PINCHA:
Agora que «re-ganhou» a memória, vamos «ouvir» da sua boca a história limpinha, honesta, cheia de trabalho, sacrifício, valores morais e éticos de toda a sua vida, desde criancinha.

CÃO: E o Presidente da República que não se embaraça com a sua presença no Conselho de Estado!
PINCHA:
Se ficasse embaraçado nunca mais se «curava» dessa doença. É provocada por um vírus que afecta tudo e todos. Descobres algum «partido» em que não exista alguém infectado? É por isso que eles se juntam em «partido». Se estivessem inteiros talvez não ficassem doentes.

CÃO: Não é de homens assim que necessitamos neste país?
PINCHA:
Só te posso dizer que temos o que merecemos. Eu, sentado neste banco à sombra da árvore e tu, deitado aí, fazemos o quê? Não estamos a aceitar tudo aquilo que até a reciclagem rejeita?

sábado, 25 de abril de 2009

VIVA A «LIBERDADE»

CÃO: Bom dia! Óptima sombra. Viva a liberdade.
PINCHA:
Liberdade de quem e para quem? Demoraste muito.

CÃO: Estive a marcar todos os contentores de lixo que encontrei nas ruas desde a tua casa até aqui.
PINCHA:
Qual a razão?

CÃO: Não ouviste o Presidente da República dizer que temos a «liberdade» de votar «livremente» em quem quisermos?
PINCHA:
O que tem isso a ver com a tua demarcação dos contentores?

CÃO: É para dizer que são meus e que tu podes ir lá buscar alguém em quem possas votar. É um dever cívico.
PINCHA:
Tu achas que vou perder o meu tempo em mexer nos contentores? Para apanhar com o mau cheiro e sujar-me todo? E não ficarei só com as mãos sujas!

CÃO: O velhote da «doença» do outro dia também está muito desiludido com a situação actual. Parece-me descrente «total». Estava a apanhar sol ao portão da sua casa quando passei por ele e vi-o com uma cara tristonha.
PINCHA:
Disse-te alguma coisa?

CÃO: Perguntou-me se eu sabia do paradeiro daquele Ministro do Trabalho que «angariou», logo no 1º de Maio, o salário de um dia de cada trabalhador. Disse-me que, já em coronel, nunca mais tinha ouvido falar nele. Sabia que ele «trabalhava» muito bem em dinheiro. Até no local onde «trabalhou» alguns anos antes, quis «montar», uma sala de operações, daquelas que vimos no filme da SIC, ontem ou hoje de madrugada, no posto de Comando do MFA, com metade do dinheiro que tinham posto à sua disposição. O resto seria para «aforrar». Esse bom economista não conseguiu realizar o seu plano por burrice e casmurrice da empresa que contactou. Parece que foi uma Jomar ou coisa parecida.
PINCHA:
Isto faz-me lembrar que há gente muito esperta na nossa política, às vezes, muito bem relacionada e com óptimos parentescos: pais, tios, sobrinhos, primos e outros aderentes não faltam. É o seu suporte básico selectivo, para além do «POVO» para quem «indiscutivelmente» trabalham.

CÃO: Mas Cavaco Silva disse também que a abstenção não é solução para uma boa escolha de governo embora os políticos, nas suas propagandas eleitorais, tenham a obrigação de não apresentar propostas ilusórias com soluções fáceis mas impossíveis de cumprir.
PINCHA:
Para isso, já tens a minha solução conversada contigo no post de 25 de Janeiro passado.

CÃO: Mas falou também em os políticos darem o exemplo.
PINCHA:
Se for o exemplo que já deram com as «viagens», os tios, os sobrinhos, os primos, as férias, os iates de luxo e outros «mais edificantes», a minha solução de 25 de Janeiro mantém-se ao nível da Presidência da República: não vai haver abstenção. Vai haver confirmação da minha liberdade de dizer aquilo que penso.

CÃO: Pensa no que vais fazer. Senão ficaremos todos com uma mão à frente e outra atrás.
PINCHA:
Ficaremos não, «ficarão», queres tu dizer. Tu não tens mãos e não necessitas de manter essas «civilidades». Pelo menos podes ser sincero, com uma liberdade de expressão maior do que a minha.

CÃO: No meio deste descalabro, o pior de tudo são as organizações como a dos pobrezinhos «Coração da Cidade» que não pode dar de comer porque não tem suprimento em bens alimentares.
PINCHA:
Se não existem suprimentos podemos e devemos ajudar na medida do possível, mas na questão de voluntários, os próprios «desfavorecidos» têm a obrigação moral e cívica de se organizarem para fazer os trabalhos imprescindíveis, não onerando os outros com obrigações para além das dádivas e da comida. Aqui começa a boa democracia, a economia e o respeito pelo próximo. Não é dizer que se é pobre e ficar à espera do trabalho dos outros para receber uma esmola. Reflexo dos subsídios? Senão, estaremos como no «Violino no Telhado», uma das peças musicais que muito me comoveu quando ainda a ouvi, há mais de 20 anos, como «Fiedler on the Roof».

CÃO: Ramalho Eanes também disse que temos o país que merecemos!
PINCHA:
Talvez tenha razão. O que fizemos desde 1974? Esbanjar as «barras de ouro» que o «ditadorzinho das botas» acumulara durante décadas? «Meter a mão» no erário público e privado sempre que possível? Utilizar os cargos públicos para satisfazer apetites pessoais? Reivindicar «benesses», «mordomias» e bons vencimentos para as chefias? «Fabricar» bons «vira-casacas»? Conseguir «tachos» para alguns, na esfera internacional da qual nos afastamos cada vez mais no que toca ao bem-estar, nível de vida, progresso e desenvolvimento de TODA a população?

CÃO: Hoje estás impossível.
PINCHA:
Meu caro. Hoje seria o dia da liberdade que nunca mais chega para o povo português que, olhando para a Europa por ser europeu, ao contrário do que acontece lá fora, cria cada dia mais ricos e mais pobres, aumentando a disparidade entre os seus «rendimentos». Em Portugal, o «fosso» entre os ricos e os pobres vai aumentando e não sei onde irá parar se a Europa não nos «deitar a mão» para evitar este descalabro por mais um século. Vou dormir e descansar um pouco à sombra desta magnífica árvore que ainda continua neste parque. Quando quiserem fazer uma urbanização para os ricos teremos a liberdade de escolher outro local para «declamar as nossas mágoas».

sexta-feira, 10 de abril de 2009

OS «CUIDADOS» NUM HOSPITAL

CÃO: Até que afinal, consegui ver-te. Estava com receio!
PINCHA:
Demoraste muito; já me ia embora para casa.

CÃO: Nem sabes o que me aconteceu!
PINCHA:
Senta-te, descansa e conta-me tudo quando deixares de estar com a língua de fora.

CÃO: Estava a fazer a minha voltinha do costume, quando numa casa donde tinha desaparecido m cão muito grande há já algum tempo e eu demarcava a minha área, vi um senhor ao portão. Fiquei sem saber se deveria ou não «marcar» o local, mas não me atrevi a fazê-lo com o senhor naquele sítio. Quando passei por ele e olhei para o seu semblante triste, ele afagou-me a cabeça e eu não fugi. Gostei. Enquanto fiquei ao pé dele, a olhar para o seu ar de tristeza, parece que ele ficou com vontade de falar. Ou desabafar?
PINCHA:
O que é que ele te disse?

CÃO: Disse-me que estava lá porque já não tinha a única companhia do cão que lhe tinham oferecido logo depois de ter enviuvado, recentemente. O cão morrera com uma doença súbita e ele já não tinha a sua companhia. Vinha ao portão «apanhar ar» e ver as pessoas. Disse-me que eu não tinha de «marcar a propriedade» porque podia considerá-la sua. O seu canzarrão já tinha «partido» para bem longe deixando-o só. A mulher também. Faltava só ele.
PINCHA:
Bem triste, mas realista.

CÃO: O que mais me impressionou, ao dizer-me isso, foi o seu ar muito tristonho e quase fatalista. Fiquei a olhar para ele, muito intrigado.
PINCHA: E ele disse-te mais alguma coisa?

CÃO: Sim. Como já tem bastante idade, com problemas de circulação sanguínea e de digestão, ao ver bastantes fezes negras e a sentir-se muito fraco, resolveu chamar a ambulância e ir para a urgência do hospital porque 15 anos antes tivera problemas com uma úlcera a sangrar, exigindo transfusão sanguínea urgente. Não desejava a repetição da situação.
PINCHA:
Um bocado aborrecido e assustador!

CÃO: Mas o pior é que depois de estar uma noite na urgência, foi transferido para um hospital onde o medicaram e lhe fizeram uma endoscopia que concluiu não existir qualquer úlcera mas sim uma hérnia no estômago. A partir do dia seguinte e sem fezes negras durante um dia, teve um fim-de-semana de descanso, fora do hospital, com medicação controlada pelo médico assistente e sem qualquer dieta especial.
PINCHA:
Ainda bem.

CÃO: Mas ele tomava medicamentos para os seus males de coração e circulação sanguínea que foram interrompidos e, no momento, durante o fim-de-semana, tinha de lidar com medicamentos com nomes completamente diferentes. Por isso, ele baralhou tudo, exagerou na dose e foi «de charola» para uma urgência porque se sentiu mal, vomitou sangue e desmaiou.
PINCHA:
Estás a deixar-me preocupado.

CÃO: Teve de levar uma transfusão de sangue e ficar de dieta rigorosa até fazer uma nova endoscopia e ver as fezes «normais». A nova endoscopia apresentou duas úlceras e a «famosa» hérnia. E ele perguntou-me: “Com esta diferença de «visualização», as hérnias estariam a jogar às escondidas? Ou o «especialista» estaria «cegueta»? Ou seria qualquer outra coisa que não convém dizer?
PINCHA:
Eu diria «qualquer outra coisa» por causa da pressa com que se «fabricam» os médicos e os especialistas. E ele não reclamou e ficou satisfeito?

CÃO: O que te posso dizer é que isso lhe custou mais uns dias que não foram agradáveis, porque num hospital em que se exige silêncio, o pessoal auxiliar não fazia outra coisa senão falar alto, discutir, quase «dar ordens» como, por exemplo, “saia da cama porque tenho de fazer a cama”, embora acrescentasse a essa linguagem com tom de ordem, as palavras «querido», «amor» ou qualquer outra equivalente. Este senhor também ficou «baralhado» porque sempre tratou todos os profissionais por «senhor» ou «senhora» e eles sempre o trataram, como a todos, por «você».
PINCHA:
Também não compreendo a diferença de tratamento de uns por «senhor» enquanto os outros o tratam por «você». Parece que estamos na «tropa».

CÃO: Será muito difícil tratar todos por «senhor/a»? De facto, vocês têm uns preconceitos «tão fabricados» pelo género humano! São todos iguais, mas todos diferentes, cada vez mais, à medida que sobra o dinheiro, a influência, o poder ou a indigência. Mas, o pior de tudo é que ele ficou com inchaços no braço para colocar as «sondas» de soro e de sangue. Ele diz que um enfermeiro alto, magro, de óculos, «bem falante» e com ar de convencido, tanto «escarafunchou» no seu braço que só colocou a agulha à terceira tentativa. Além disso, queria que o «doente» soubesse qual o seu grupo sanguíneo quando no dia anterior já lhe tinham sido feitas as análises e sabiam o grupo. Por isso, tirou o sangue por duas vezes «porque tinha havido uma falha técnica». Este homem, além de maltratado, ficou mais aflito ainda no dia seguinte quando soube que esse enfermeiro tinha enviado, para análise, duas ampolas de sangue sem o rótulo ou a etiqueta do «dono». Não teria acontecido o mesmo com ele próprio no dia anterior assim como com outros em situações idênticas?
PINCHA:
Pois é. Não seria melhor que os médicos, os enfermeiros e os outros profissionais pugnassem mais pela sua competência em vez de o fazerem só por vencimentos e promoções? As avaliações são importantes para todos, sejam eles especialistas, dirigentes, políticos ou gestores. Todos deveriam ser avaliados antes de «receber os bónus» e até os vencimentos que alguns mal merecem! E disse mais alguma coisa?

CÃO: Sim. Que além da «barulheira» a começar logo de manhã e do tratamento social «senhor» «você», os médicos e os enfermeiros deveriam ter mais atenção para com os doentes «conversando» com eles para lhes reduzir as dúvidas, dar esclarecimentos ou ajudar a preparar um plano de prevenção para evitar, pelo menos, futuros males semelhantes aos do momento. Não deveria ser necessário tirar a «saca-rolhas» as informações necessárias. Este doente não as teve no seu internamento anterior e isso levou-o a um segundo surto de «urgência» que poderia ter sido muito mais grave, já que não tinha em casa quem o ajudasse e cuidasse dele.
PINCHA:
É bom que, especialmente os médicos pensem nisso, já que estão no topo da hierarquia e, geralmente, dão os exemplos que os outros seguem.

CÃO: Já viste as «desgraças» a que todos nos sujeitamos?
PINCHA:
Tens razão. Pelo menos com a experiência que vamos tendo, é necessário reivindicar mais condições sociais do que só financeiras. Por agora, estás desculpado da demora de hoje e, daqui em diante, já sei onde te encontrar. Pode ser que qualquer dia até eu vá falar com o homem para saber mais «novidades» já que tu deves passar por lá muitas vezes.

domingo, 22 de março de 2009

O MUNDO SEM A SIDA?

CÃO: Viste hoje, ao meio-dia, a CONTRA-INFORMAÇÃO e depois o jornal da RTP 1?
PINCHA:
Vi tudo e gostei muito. Foi magnífico, especialmente naquilo que se refere ao Vale e Azevedo. Assim é que eles se safam.

CÃO: Olha. Com o Sol muito envergonhado, podemos sentar-nos debaixo do caramanchão. Tu estendes as pernas, ficas mais à vontade e eu descanso as fadigas ao teu lado.
PINCHA:
Que almoço magnífico! Vamos para lá fazer a digestão e conversar.

CÃO: Estamos bem aqui para podermos descansar e conversar.
PINCHA:
E tu a quereres satisfazer a tua curiosidade!

CÃO: Viste como o Papa foi entusiasticamente recebido em Angola?
PINCHA:
Como o Sócrates em Cabo-Verde?

CÃO: Melhor ainda. Até provocou dois mortos.
PINCHA:
Lembras-te da nossa conversa sobre CARNAVAL CENSURADO, em 21 de Fevereiro? Intervenção que até foi favoravelmente comentada por um psicólogo? Gustavo Le Bon tem razão na sua Psicologia das Multidões. É assim que se manipulam as massas nas campanhas eleitorais, festas de música, comícios, manifestações, campanhas de propaganda, vendas de benesses, etc. Que se cuide aquele que não deseja ser «envolvido» por acontecimentos semelhantes. Todo o cuidado é pouco. É também de maneira semelhante que os «Bernard Madoff» funcionam. Mas quem fica legalmente sem o dinheiro ou os pertences somos nós, os parvos!

CÃO: Mas o que é que o Papa foi fazer mais à África?
PINCHA:
Se calhar, foi dar cabo do negócio dos preservativos.

CÃO: Mas ele falou também em distribuir melhor a riqueza e eliminar a corrupção.
PINCHA:
Se calhar estava a falar dos outros países e não do seu Estado.

CÃO: Não sei. Mas, na generalidade, tem razão. A corrupção aumenta em cada dia que passa e, o pior de tudo, os seus «beneficiários» ficam impunes quer nos países desenvolvidos quer ainda naqueles em que as populações morrem miseravelmente à fome enquanto os seus dirigentes se locupletam de benesses.
PINCHA:
Se estamos em democracia ou caminhamos para ela, pertence à grande massa da população a determinação do seu próprio destino.

CÃO: Não é para isso que servem as eleições?
PINCHA:
Não me faças rir. Não reparaste que as populações só conseguem escolher um mal menor? Todos aqueles que se propõem para dirigentes, só pensam em lá chegar «democraticamente» utilizando a população como instrumento válido para a sua subida ao poder. Depois, é aquilo que se vê ou que se sente na pele, como todos nós agora. A Maria José Morgado até falou nisso nos jornais.

CÃO: Não me provoques mais arrepios. Qual é a solução?
PINCHA:
Educação e formação das pessoas para que se preocupem mais com o bem comum do que apenas com os seus interesses egoísticos e aparentemente civilizados.

CÃO: Porque é que dizes aparentemente civilizados?
PINCHA:
Já reparaste que quase todos tratam os outros por «querida», «querido», «amor», «amorzinho», etc. para logo de seguida lhes fazerem mal ou enganar? Onde fica a civilidade?

CÃO: O vosso mal, o dos humanos, é falarem muito. Se fossem como nós, não haveria semântica tão traiçoeira. O tom do nosso ladrar ou rosnar significa muito. Não adquire as tonalidades mistificadoras das vossas palavras enganadoras. Dizem uma coisa mas escondem outro significado.
PINCHA:
Concordo. É o resultado da nossa «civilização» em que não preservamos os valores da pessoa humana, da sua autenticidade, da sua sinceridade perante os outros, da sua honestidade, da sua utilidade no mundo.

CÃO: Isso vê-se perfeitamente nas vossas propagandas estapafúrdias em que se incita toda a gente a ter mais benesses do que os outros e nunca a melhorar as suas condições de vida sem prejudicar os outros ou até em consonância com o meio ambiente. Assim, até nos vão prejudicar com o efeito de estufa e outros que tais provocados com a vossa ganância, vaidade pessoal e falta de «humanidade». Não seria melhor que entre vocês houvesse mais «animalidade»? Entre nós, «os outros animais», não temos SIDA mas também não somos «civilizados»!
PINCHA:
Tens razão. As estatísticas difundidas há anos, pela ROCHE, dizem que a incidência da SIDA aumentou em 50% na Ásia Oriental, especialmente na China; em 40% na Ásia Central, especialmente nos países Soviéticos; na África Subsahariana, etc., também tem tendência a aumentar. Exceptuam-se as Caraíbas onde a prevalência é muito menor.

CÃO: Vês que tenho razão? Se calhar vivem mais como nós do que como os chamados «civilizados» mas diferenciam-se por não pretenderem possuir sempre «mais do que os outros», até nos aparentes «gozos» carnais. Basta ver as vossas Revistas que mais «proliferam»; só «fofoquices», escândalos e ladroeiras. Que vida tão hipócrita!
PINCHA:
Tenho de me render à evidência. Podíamos ser mais racionais e menos dados a viver o momento actual, aparentemente «melhor do que ou outros».

CÃO: Apesar de tudo, embora vocês se tenham afastado dos bons hábitos que nós ainda preservamos, não necessitam de dar cabo da indústria dos preservativos. O Papa pode não precisar deles a não ser para se abrigar da chuva quando não tiver um guarda-chuva. Mas, qualquer de vocês, no momento da «fraqueza humana», pode necessitar dos mesmos. Da maneira como o Papa deseja, o homem vai infectar a mulher que, por sua vez, vai infectar outros homens e as crianças que por acaso «vierem» se o preservativo «for à vida». Por sua vez, esses homens, nos momentos das suas práticas sexuais habituais, irão infectar outras mulheres e outras crianças. Não admira, por isso, que as tuas estatísticas estejam certas mesmo enquanto alguns usam o preservativo. Se começarem a não o utilizar já calculaste o «pulo gigante» que essas estatísticas irão dar?
PINCHA:
O que achas … … …

CÃO: Perdeste a fala a olhar para o vazio?
PINCHA:
Não. Estava a pensar que podemos aprender com a crise mundial.

CÃO: Como?
PINCHA:
Se existe crise é porque não há consumo. Os produtores vão à falência.

CÃO: O que queres dizer com isso?
PINCHA:
Se os homens não «consumirem» as mulheres ou outros homens indiscriminadamente, não haverá a propagação da SIDA. Não me parece que a SIDA possa «acontecer» nas relações «não promíscuas».

CÃO: Eureka! Estás a dar-me razão. Mesmo que haja muita oferta, se a necessidade for pouca, não haverá consumo ou será pouquíssimo! Se não se criar a necessidade da droga, do álcool, do sexo indiscriminado, não haverá consumo e essa indústria ou a sua produção «irá abaixo». Tudo isto depende dos consumidores que são vocês próprios. Vocês deixarão de necessitar de hospitais especializados e centros de recuperação, de brigadas de polícia de fiscalização de tabaco, álcool, droga, etc., etc.
PINCHA:
Mas isso vai criar desemprego!

CÃO: Não. Vai evitar trabalho desnecessário porque esses produtos não são um bem que beneficie a sociedade. Vai haver menos trabalho e, aquele que existir, pode ser equitativamente dividido por todos deixando muito tempo para as aprendizagens, para a vida em família, para o lazer e para outras actividades mais benéficas para o género humano do que o consumo indiscriminado do sexo, droga e até de bens materiais estapafúrdios e desnecessários.
PINCHA:
Mas, para isso, a educação dos existentes, e especialmente dos vindouros, teria de mudar radicalmente. Voltamos ao ponto de partida de quase todas as nossas conversas. A educação é necessária, fundamental, imprescindível e não pode ficar apenas nas mãos dos professores. Os pais têm de intervir e actuar. Caso contrário, é melhor não terem filhos.

CÃO: Já viste que o Papa não tem razão?
PINCHA:
Porquê? Porque assim esses pais não teriam preservativos para os utilizar quando necessário?

sábado, 14 de março de 2009

O VENDEDOR DE ILUSÕES

CÃO: Sabes onde está o Sócrates?
PINCHA:
Foi a Cabo-Verde vender Magalhães.

CÃO: Tem tantos que necessita de os exportar?
PINCHA:
Não sei, mas pode ser que haja alguma parceria com a empresa que os fabrica.

CÃO: Se o Magalhães é tão bom, qual a necessidade de o publicitar e promover tanto?
PINCHA:
Porque também os carros bons se publicitam.

CÃO: Aumenta os lucros dos fabricantes, não é?
PINCHA:
É assim que as empresas se sustentam e se mantém.

CÃO: E não vai instalar lá algum Banco como em Angola?
PINCHA:
Não necessita. «Alguns» já lá têm pelo menos um!

CÃO: Tu leste aquela intervenção do psicologiaparaque acerca do tiroteio na Alemanha?
PINCHA:
Com muito gosto e até já comentei em nosso nome.

CÃO: No meu nome?
PINCHA:
Sim. Tinha de ser. Só ladras. Não falas nem escreves. Mas eu compreendo-te.

CÃO: Se não fosse assim e falasse, iria para a política. Sempre é mais cómodo e gratificante.
PINCHA:
Talvez. Mas não terias tanto tempo para as tuas «voltinhas». Para mim, isso não serve. Falar sem fazer é inoportuno e desagradável. É vender ilusões. É por isso que não sou de qualquer partido político. Estou inteiro. Gostaria que Sócrates, fizesse mais e falasse menos. Que conseguisse demonstrar aos contribuintes que o dinheiro deles é bem aplicado. Que eles podem confiar no seu governo. Que a riqueza (ou a pobreza) do país é «menos mal» distribuída. Que a riqueza não é cada vez mais para uns enquanto a pobreza também fica cada vez mais para os outros. Que um partido não serve para «chamar nomes» aos outros que não concordam com as suas ideias. Que os militantes dum partido político não estão lá para «assacar» para si todas as benesses, o que até já aconteceu vergonhosamente, há anos, com as «viagens».

CÃO: Achas que isto está tão mal?
PINCHA:
Isso já nos aconteceu: “a verdade é só uma”, “quem não é por nós, é contra nós” “os povos ainda não atingiram um nível de civilização adequado”, etc. etc.

CÃO: Como é que podiam atingir um nível de instrução adequado se a mesma era cada vez mais no mesmo sentido e para os eleitos?
PINCHA:
E, agora, achas bem que se «distribuam» diplomas?

CÃO: Também não.
PINCHA:
Então, não cries ilusões. Põe os pés no chão e «entra na realidade». Muda a mentalidade das pessoas. De TODAS.

quinta-feira, 12 de março de 2009

«O CANTE DELAS»

CÃO: Viste hoje na televisão a reportagem sobre as cantadeiras de Castro Verde que tiveram de travar quase uma luta para conseguirem que os maridos as deixassem fazer parte de um grupo coral e pudessem ensaiar fora de casa?
PINCHA:
Vi com muito gosto. É triste mas é verdade! O pior de tudo é aceitar que isto se tenha passado apenas há trinta anos num Portugal mais democrático do que o democratíssimo Portugal de Salazar.

CÃO: No tempo dele as mulheres podiam votar?
PINCHA: É verdade. Já não me lembrava disso. E tirar cursos superiores era fácil?

CÃO: Pois é. Salazar deixou ouro mas não deixou nem instrução nem valores.
PINCHA:
Já sabes que lhe faltou o Quirino de Jesus quando mais era necessário.

CÃO: Dizes isso e achas que haverá esses valores nas terras que se vão desenvolvendo e que irão melhorar o seu nível de subsistência dentro de pouco tempo se tiverem capacidade de gerir, economizar, planear, distribuir e não «desviar»?
PINCHA:
Se é com os exemplos que Portugal lhes proporcionou durante a sua «acção civilizadora» talvez não exista outro senão o de «desviar». Contudo, parece-me que eles não adquiriram outros. A propósito, José Eduardo dos Santos é descendente de famílias muito ricas?

CÃO: Não sei, mas parece que a filha dele é. Mas mudando de assunto, qual a razão de não se ter «desenvolvido» esses países africanos durante a sábia e democrática governação de Salazar?
PINCHA:
Porque só a luta pela independência, causada pela falta desse desenvolvimento, obrigou a desenvolver esses países à pressa, «só para inglês ver».

CÃO: Se observares com atenção as reacções dos intervenientes no documentário feito por Joaquim Furtado e que está agora a ser exibido na RTP, podes avaliar que a maioria dos habitantes daquelas terras estariam com Portugal se tivessem, em tempo oportuno, apenas a autonomia que é dada às bananas da Madeira ou aos ananases dos Açores. Além disso, obviamente, seria necessário que as populações fossem devidamente instruídas e qualificadas para uma governação autónoma capaz, sem rivalidades e com patriotismo suficiente que ainda não existe em Portugal.
PINCHA:
E achas que isso seria fácil? Se calhar, foi por isso que Salazar preferiu manter todo o povo na espantosa ignorância em que se encontra: aparentemente letrado, mas essencialmente ignorante e avesso à democracia e à participação cívica activa na gestão do país. Basta apenas aquilo que se disse no início da nossa conversa acerca do «Cante Delas». Sem muitas iniciativas dessas em diversas facetas da vida, nada pode ser alterado.

CÃO:
Quando é que isto vai mudar?
PINCHA:
Só com as novas gerações e se os pais as educarem nesses valores que são indispensáveis. Muito mais do que ter benesses materiais e financeiras, torna-se imprescindível que existam valores morais, éticos e cívicos que se possam manter e continuar, com um combate permanente e eficaz ao laxismo, ao «facilitismo» e ao «aproveitadorismo» que parece ir alastrando em todos os quadrantes sociais.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O DESBOCADO

CÃO: Hoje não me acompanhaste na minha volta habitual!
PINCHA:
Não admira. Fiquei a ouvir Medina Carreira a falar com Mário Crespo, na SIC, logo depois do noticiário.

CÃO: E que tal foi a conversa para ficares tão entretido?
PINCHA:
Disse muita coisa daquilo que temos vindo a discutir há muito tempo.

CÃO: Disse que os políticos tinham de ser mais sérios?
PINCHA:
Não. Disse que os políticos tinham de ser sérios.

CÃO: E que têm de não ser clientes partidários à espera de benesses?
PINCHA:
Afirmou que eles têm de pensar no país e não neles próprios.

CÃO: Aventou algumas medidas para sairmos da crise?
PINCHA:
Não. Disse que o importante é mudar toda a nossa mentalidade e a bagagem de conhecimentos, cívica e intelectual, sem diplomas de pacotilha. O resto virá por acréscimo.

CÃO: Fez algumas comparações sobre a economia?
PINCHA:
Deixou tudo de rastos quando comparou a economia actual com os tempos em que Salazar teve de tomar conta das Finanças.

CÃO: Vamos ter outro ditador?
PINCHA:
Pelos vistos, com o andar da carruagem, não deve tardar muito.

CÃO: O que queres dizer com isto?
PINCHA:
Ele disse que a economia foi melhorando desde 1910 até 1960-80 e depois, foi-se «afundando» até chegar aos níveis de 1910.

CÃO: Estou a lembrar-me da tua primeira intervenção a abrir este blog com REVOLUÇÃO DE ABRIL, de 4 de Abril de 2007. Nessa ocasião eu não estava a intervir. Só comecei depois de me teres apresentado à sociedade no dia seguinte.
PINCHA:
Sim. E a tua primeira intervenção foi com OS DIRECTORES-GERAIS ESPECIAIS «inventados» pela Manuela Azeda o Leite com todas as suas «economias» e igualdades políticas.

CÃO: E que soluções apresentou Medina Carreira?
PINCHA:
Nenhumas. Disse que toda a nossa estrutura mental e o nível de instrução, consciência política, participação democrática e atitude perante a vida têm de mudar de maneira a tornar cada cidadão capaz de zelar pelo futuro do seu próprio país. Sem isso, nada feito. Ficamos dependentes dos subsídios e das indicações que os outros nos dão enganando-nos cada vez mais.

CÃO: Quer dizer que vivemos de aparências, a fazer de conta, a consumir mais do que produzimos e a sentirmo-nos «importantes»?
PINCHA:
Foi mais ou menos isso. Temos de arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Não podemos deixar para amanhã o que tem de ser feito hoje. Não podemos viver nas ilusões dos Magalhães, dos TGV, dos aeroportos, dos Centros Culturais. Enfim, das megalomanias às quais nos viemos habituando desde 1975.

CÃO: Não estou a compreender. Ele não esteve no Governo?
PINCHA:
Esteve, mas necessita de mais tempo para falar de muita coisa. Meia hora não chega.

CÃO: Quando houver essa oportunidade diz-me. Vou deixar de dar a minha volta para me sentar ao pé de ti. Quero ouvir aquele velhote desbocado.
PINCHA:
Para mim, foi fantástico. Foi uma entrevista que se deveria ter prolongado por muito mais tempo obrigando todos os governantes a ouvi-la e a pensarem mais no país do que neles próprios e no coçar das suas sarnas.

CÃO: E achas que eles vão-se importar com isso?
PINCHA:
Já sei que vão dizer que é um velho maluco e que só eles estão certos.

CÃO: E falou em fundar algum novo partido político?
PINCHA:
Não. Disse que não valia a pena haver mais casas de má fama.

CÃO: Assim já sabes porque não vou para o Parlamento!
PINCHA:
Porque já lá estão o Candal e o Martins?

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Ies We Quend

CÃO: Ouviste aquela blague, desta noite, na SIC, depois do noticiário?
PINCHA:
O novo slogan político «Ies We Quend»?

CÃO: Provavelmente alguém gostou do «Yes We Can» de Barack Obama, dos EUA, e o quis transferir para a nossa política.
PINCHA:
Achas que isso daria algum resultado com a nossa mentalidade e as nossas «manhas»? O que mais teríamos é “Yes Weekend” que daria para muitas palavras, imensos descansos e inúmeras aldrabices.

CÃO: Estás a falar dos discursos inflamados, de hoje, no Congresso do PS?
PINCHA:
Mais ou menos. Todos são os maiores defensores dos pobres e desprotegidos e os mais preocupados com o desenvolvimento do país. Apresentam ter óptimas intenções mas as acções são quase invisíveis neste sentido.

CÃO: Quanto a isto, não há partido que escape. São todos o mesmo. Enquanto não estão no poleiro prometem muito e logo que lá chegam falam sem parar para anunciar o «nada» que fizeram e aquilo que ainda não conseguiram executar por causa dos outros, dando justificações mirabolantes.
PINCHA:
Meu amigo, política é assim e os bons políticos, como dizia há dias um velhote do campo: “prometem o que não têm, ficam com o que não lhes pertence e dão o que não é deles.”

CÃO: De facto, toda a nossa situação política já tresanda a desgraça. Não sabemos como será o dia de amanhã.
PINCHA:
Apronta-te para passar muitas dificuldades, mas não desanimes. Já passámos séculos assim e os próximos não serão melhores; aprende e habitua-te a isso e não fiques eufórico quando surgirem alguns tempos de «bonançazinha».

CÃO: Pelos vistos, para que isto não aconteça, tudo deve começar na educação que a pessoa tem em casa, bem como na instrução que deve ter nas escolas. Nós aprendemos com os nossos pais e donos. Leva tempo até aprendermos a fazer chi-chi e cocó fora de casa e a horas certas ou a dar aos donos a indicação da nossa súbita necessidade imperiosa. Necessita de muito treino e do apoio que o dono nos dá ao longo de todo esse tempo.
PINCHA:
Já compreendeste que tudo isto exige muito empenho de cada um? Os cães que não têm dono nem são treinados devidamente sujam tudo. Não são benquistos e sofrem com isso. Vivem em condições precárias. Connosco, é a mesma coisa. A democracia em que vivemos exige aprendizagem, respeito pelo nosso semelhante, aceitação dos direitos e necessidades dos outros e limitação das nossas aspirações quando vão de encontro ou contra os direitos de alguém. Tudo isto pode ser feito tanto por coacção como voluntariamente. Aqui reside a maior ou menor democracia que exige a participação de todos para o estabelecimento e cumprimento de regras fundamentais para o seu bom funcionamento.

CÃO: Mas, pelo que vejo, nós respeitamo-nos mais do que os humanos.
PINCHA:
Talvez. Pode até ser que a nossa educação seja desvirtuada pela ganância e com a necessidade de poder e dominação que tem vindo a crescer ao longo dos tempos.

CÃO: Então, pelos vistos, vocês têm de ser educados a conviverem democraticamente para não terem uma vida que há trinta e cinco anos disseram que não desejavam.
PINCHA: Tens razão. Há alguns dias conversámos sobre as cartas que Quirino de Jesus escreveu a Salazar. Se não houvesse o «desvio» que ele começou a prever antes de morrer, se a melhoria da instrução fosse eficaz, se a «educação» dada em casa fosse com compreensão, verdade e sem medo, se os «verdadeiros» valores morais fossem preservados sem camuflagens, falsas virtudes e preconceitos baratos, provavelmente, teríamos hoje cidadãos mais aptos a preocuparem-se com o bem comum e não com as vantagens pessoais.

CÃO: E o 25 de Abril não foi feito para isso?
PINCHA:
Disseram que era feito para isso mas quem o orientou não tinha sido educado nos valores dos quais estive a falar. Alguns que tomaram o poder eram dos mais corruptos com provas dadas no Ultramar e até aqui. Não se podia esperar deles mais do que fizeram. Lembras-te da «colecta» de «um dia de trabalho» feita pelo MT? Só não conseguiram fazer mais porque alguns portugueses ainda possuem alguns resquícios dos valores dos quais estive a falar e conseguiram impedir o pior.

CÃO: E achas que haverá alguma salvação para tudo isto?
PINCHA:
Talvez, se a nossa educação familiar criar outros valores e os pais se preocuparem mais com os filhos do que com o seu aparente bem-estar e efémera «curtição». Além disso, a instrução tem de melhorar para que mais cidadãos participem na governação comum. A actual crise pode ser que ajude a «dar uma volta por cima». As próximas eleições serão um teste. Qualquer que seja o resultado, se a abstenção diminuir, a «democracia» estará a aumentar. Caso contrário, não podemos esperar bons tempos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A HIPNOSE É ÚTIL PARA QUEM?

CÃO: Ficaste satisfeito com a resposta que nos deram no psicologiaparaque?
PINCHA:
Mais ou menos. Assim as pessoas, pelo menos, podem executar alguns procedimentos necessários e indispensáveis para o alívio das suas dificuldades.

CÃO: Já pensaste que sem a tua intervenção isso não aconteceria?
PINCHA:
A nossa conversa foi neste sentido e, por isso, fizemos a nossa intervenção que deu resultado. Sá não esperava que fosse tão rápida.

CÃO: E a intervenção de Carlos Lopes Pires na Sociedade Civil, da Fernanda Freitas, de ontem, sobre a Hipnoterapia?
PINCHA:
Achei interessante e também senti que o Carlos Lopes Pires defendeu a sua posição de forma muito aguerrida.

CÃO: Mas não achas que ele tem razão?
PINCHA:
Acho que sim. Mais do que razão! Mas fiquei mais satisfeito ainda quando ela foi especialmente complementada com a intervenção de Paulo Fonseca, Jurista da DECO.

CÃO: Nós temos de saber quem é o hipnoterapeuta e quais são as habilitações que ele possui.
PINCHA:
Mas já se ouviu dizer também que não existem hipnoterapeutas e que a pretensa hipnoterapia é tão válida como a bisturioterapia. O que existe é a hipnose e o bisturi que são dois «instrumentos» a serem utilizados quando e como necessário. O mais importante é saber em que mãos ficam. Se forem as de um drogado ou de um vigarista estamos tramados. É o mesmo que deixar as armas nas mãos dos criminosos até sem as entregar aos polícias.

CÃO: O psicologiaparaque já disse qualquer coisa sobre o assunto. Julgo que não foi há muito tempo. Vai lá ver ao blog e faz uma pergunta ou pede a sua intervenção.
PINCHA:
Qual o teu problema se não tens coisa alguma a ver com a hipnose?

CÃO: Achas que sim? A hipnose é útil para quê e para quem? Para o «doente» ou para o «hipnoterapeuta»? Se algum dia um hipnoterapeuta me agarra na rua e me desvia dos marcos que devo deixar nas minhas propriedades?
PINCHA:
Tens razão. Vou já fazer aquilo que me dizes, seguindo todos os teus conselhos.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

CARNAVAL CENSURADO

CÃO: Achaste bem que um Magistrado proibisse a expressão de ideias gráficas no Carnaval de Torres Vedras?
PINCHA:
Isto até parece uma censura. Mas já foi, felizmente, «descensurado». E só porque uma cidadã resolveu queixar-se à Justiça dizendo que os conteúdos eram pornográficos! Se essa cidadoa viu as poses das vampiras não viu o atributo do futebolista? Até parece mentira. Ou será que lhe caiu no goto?

CÃO: E o que é que a Justiça tem a ver com isso? Com os gostos ou desgostos de cada um?
PINCHA:
Não sei, mas antigamente a censura também tinha medo que os portugueses se desviassem dos «bons caminhos» exemplificados por Salazar e pelas famílias mais conceituadas da sociedade portuguesa como as do Ballet Rose.

CÃO: Não digas isso, porque o Ballet Rose nunca existiu.
PINCHA:
Já estás como o «eclesiástico» da Argentina que disse que o Holocausto nunca existiu?

CÃO: Viste alguma publicação da época sobre isso? Hitler nunca disse que isso existia!
PINCHA:
Estás e brincar comigo? Além disso, tu não sabes ler e só ouves dizer aquilo que os outros lêem para ti.

CÃO: E o que é que tu dizes?
PINCHA:
Se quiseres, senta-te e ouve com atenção aquilo que vou ler. Até Quirino de Jesus, o principal ideólogo de Salazar, pouco antes de morrer em Abril de1935, escreveu-lhe uma carta, como sempre manuscrita, provavelmente em finais de 1934, onde, entre outras coisas, dizia o seguinte:

“Meu caro amigo
… Um velho leitor de Gustavo Lebon conhece o valor dos mitos e a potência das ideias
místicas. Há 40 anos que li a psicologia das multidões. Quem governa tem de aproveitar todas estas forças e manejar as alavancas do espirito publico, mas é preciso cuidado com o alcançe prático a dar aos mitos para se não cair em ilusão perigosa e não iludir os outros.
Mas eu não tenho que pregar a um convertido.
Se me agrada tudo que crie um pouco de ideal, temo o desenvolvimento excessivo do poder publico que considero útil temporariamente, mas só num tempo curto. A censura é hoje um obstáculo à crítica constructiva. A pretexto de se eliminar a critica demolidora e mal dizente matou-se a critica fiscalizadora, fez-se o silêncio á sombra do qual medram as mediocridades. Já no poder se vê com maus olhos que tratem scientificamente certas questões só porque as conclusões da sciencia se não harmonizam com os prejuizos de quem manda. É o abuso do poder, que não tem
controle. Isto é mal, é vicioso, desvirtua o espirito publico.
Como seria util estabelecer em bases concretas e acomodadas ás forças do pais o código regulador da censura!
Como está é o arbítrio do poder dos pobres homens que perdem noites a ler os jornais e estragá-los m.tas vezes.
Há uma critica constructiva e
moderadora
dos impulsos hitlerianos de certos pequenos despotas.
Construir e moderar seria obra de boa imprensa. Estive dois dias no norte a ver escolas (25 e 26) o por lá encontrei casos que justificam o que acabo de dizer sobre a imprensa.
Muita saúde lhe dê Deus
Quirino de Jesus”

Esta carta pode estar datada de 1934 e parecer de 1937 porque não é difícil confundir um 4 mal feito com um 7. A transcrição é da página 101 do livro Cartas e Relatórios de Quirino de Jesus a Oliveira Salazar, publicado em Março de 1887, pela Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista, da Presidência do Conselho de Ministros.
Como Quirino de Jesus morreu em Abril de 1935, provavelmente, ninguém mais deu conselhos, pelo menos semelhantes, ao velho «ditadorzinho» que nunca mais descalçou as botas.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

«VIA-CRATES»

CÃO: Ouviste a notícia sobre a via rápida que, numa urbanização de Vila Franca de Xira, vai dar a um monte?
PINCHA:
Não compreendi como é que a mesma foi feita.

CÃO: O construtor da urbanização fez uma obra sólida.
PINCHA:
O monte e as curvas não existiam quando a planta foi feita? O projecto não foi aceite pela Câmara? A viabilidade da obra não foi aprovado por quem de direito (e dever)?

CÃO: Não sei como foram feitas todas essas coisas mas parece que devia haver responsáveis pela execução das obras.
PINCHA:
Se não é assim, o que fazem os serviços camarários? Mexem nos PDM quando lhes convém e aprovam os projectos que mais vantagens lhes dão?

CÃO: Tu achas que o Presidente da Câmara da época é também responsável?
PINCHA:
Não é ele que, em última instância, aprova o projecto?

CÃO: Então, houve qualquer coisa que correu mal.
PINCHA:
Se correu mal, não sei. Também não sei se correu bem para alguém. Mas agora, vai correr mal para os munícipes que têm de pagar a remoção dessa via que de nada serve e construir outra por conta própria.

CÃO: E se fosse o Presidente da Câmara a pagar tudo isso?
PINCHA:
Se os Administradores dos Bancos não pagam, porque hão de ser os Presidentes das Câmaras a pagar? E olha que os descalabros são muito maiores e envolvem muito mais gente!

CÃO: Como o nariz do Pinóquio que é escandaloso e ofensivo? E quando os jornalecos partidários dão «traulitadas» nos adversários e ninguém liga importância? Se isso aconteceu durante anos e por muitas vezes, qual a razão de fazer divergir a atenção para assuntos de menor importância quando o país necessita de reformas mais eficazes?
PINCHA:
Já são distracções a mais. Os mestrados em gestão, as licenciaturas em engenharia, as especializações em inglês, as resoluções à pressa e em fim de mandato…

CÃO: Necessitam de tomar IMODIUM. «Toma isso antes que a situação tome conta de ti».
PINCHA:
Pode ser que isso não chegue e que a dor de barriga tenha outra causa.

CÃO: O que queres dizer com isso?
PINCHA:
Que os portugueses deixam-se enganar mas não são parvos de todo.

CÃO: Não estou a chegar a lado algum. Estou baralhado.
PINCHA:
Eu também, por enquanto.

CÃO: O que farias neste caso se todos os dirigentes e políticos são assim?
PINCHA:
Iria acomodar toda essa gente no local onde as moscas pousam, numa cama bem fofinha.

CÃO: E o que faço hoje?
PINCHA:
O melhor que podes fazer é dar uma volta por Alcochete, Vila Franca de Xira, Montijo e arredores. Falamos depois na próxima semana.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

MORRER EM PAZ

CÃO: Até que afinal, Eluana conseguiu morrer sem mais entraves.
PINCHA:
Isso dizes tu. Já sabes a confusão que se gerou em Itália com a sua morte?

CÃO: Não sei porquê. As pessoas já não podem dizer e fazer aquilo que querem?
PINCHA:
Podem, desde que não seja contra a vontade de alguma maioria.

CÃO: Se fosse prejudicial para alguém, talvez conseguisse compreender, mas do modo como foi, nem consigo compreender a razão de Eluana ter sido obrigada a viver (ou a «vegetar»?) por mais de uma dezena de anos.
PINCHA:
A lei não permitia a sua morte.

CÃO: Quem faz as leis?
PINCHA:
Os legisladores e os governantes, geralmente eleitos pelo povo.

CÃO: Que os médicos sejam «obrigados» a manter a pessoa viva e de boa saúde, compreende-se perfeitamente, mas «obrigar» os médicos a manter uma pessoa a vegetar a vida inteira contra a vontade do próprio é inadmissível.
PINCHA:
Também não compreendo isso porque em qualquer intervenção cirúrgica os «doentes» ou «utentes» são obrigados a assinar um termo declarando que conhecem os riscos da intervenção e que concordam com a mesma.

CÃO: No caso presente, parece a vida travar uma luta inglória com a morte. Parecem dois lutadores com capacidades desiguais, em que a Morte, mais forte, lança por terra a Vida e a humilha permanentemente, deixando-a rojar pelo chão sem qualquer hipótese de sair dessa situação indesejável, aflitiva e vergonhosa. Os espectadores aplaudem esta luta desigual sem admitir que a Morte possa ter o seu epílogo. Lembra-me as lutas dos gladiadores. E com as feras como seria?
PINCHA:
Mas lembra-te também que tens o Papa a clamar pela não-eutanásia.

CÃO: Sim. Tenho tanta pena que alguns desses defensores da não-eutanásia, embora consciente, voluntária, justa, aceitável e «vantajosa» para o próprio, não fiquem num estado semelhante para serem obrigados a continuar a «vegetar» como aconteceu com tantos.
PINCHA:
E agora, a crise política na Itália envolve o Primeiro-Ministro, quase «contra» o Supremo Tribunal de Justiça!

CÃO: Esses «manda-chuvas» políticos, religiosos ou quaisquer outros, parece que só sabem dizer e fazer disparates, de vez em quando e nas piores ocasiões.
PINCHA:
Estás a fazer-me lembrar «Os Casamentos dos Sarilhos» (21JAN09) do Cardeal Patriarca de Lisboa.

CÃO: O que te posso dizer é que no reino animal não existem incongruências desse tipo a não ser as óbvias e «naturais». A Morte e a Vida são factores que têm a sua intervenção no momento oportuno. O que temos de fazer é viver bem, tanto quanto possível, com as leis da Natureza e de acordo com a satisfação que ela nos proporciona. Quando existem situações contrárias, temos de nos defender delas mas não necessitamos enfrentar as «manhas» dos restantes elementos.
PINCHA:
De facto, vocês têm uma vida mais concordante com a Natureza e sem as ambições, competição desenfreada, ganância, etc. tudo criado pelo género humano.

CÃO: Quando é que vocês começam a viver e a desfrutar a vida como nós?
PINCHA:
Quando a nossa civilização, que ficou insatisfeita com a vida tribal que antigamente levava, for capaz de se readaptar às normas antigas utilizando as novas tecnologias e economias de que dispõe e que poderiam ser favoráveis para todos.

CÃO: E se houvesse uma melhor distribuição de riqueza e benesses!
PINCHA:
Sim. Para tanto é necessário eliminar a inveja, a ganância e a sede de poder. Isso tem de começar pela educação que vocês também têm mas que no género humano é um pouco mais «intelectual» e «ética», portanto, mais complicada.

CÃO: Já que não fazem muita coisa que devem, mas fazem muitíssimo daquilo que não devem, pelo menos podem deixar que as pessoas vivam e morram conforme as leis da Natureza.
PINCHA:
Tens razão. Pelo menos podem deixar cada um, de acordo com a sua vontade, morrer em paz.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

OS VENCIMENTOS «DE MISÉRIA»

CÃO: Já soubeste que, nos EUA, Barack Obama vai tentar limitar os ordenados dos gestores, especialmente quando as empresas não dão lucros?
PINCHA:
E a Europa também!

CÃO: E Portugal?
PINCHA:
Ainda não pertence plenamente à Europa!

CÃO: Aqui é o terceiro mundo ou quarto mundo?
PINCHA:
Não sei.

CÃO: O mundo dos animais não é.
PINCHA:
Será dos superinteligentes?

CÃO: Queres dizer «vigaristas»?
PINCHA:
Não sei se será isso, mas é dos que se safam bem às aldrabices que fazem e que as transformam em trapalhadas em que os outros se vão metendo a pouco e pouco.

CÃO: Estás a falar no BPP, BPN, Vale e Azevedo e outros que tais?
PINCHA:
Sim. Nesses também. Arranjam tantas confusões, boatos, comunicados, desmentidos, justificações, atrasos, entraves, advogados que as coisas vão-se arrastando ao gosto do cliente e nas quais todos se deixam envolver até passar de prazo para que nada seja «consumível».

CÃO: Queres dizer que os processos de Casa Pia e outros que tais vão ficar em «águas de bacalhau»?
PINCHA:
Não tenho a certeza. Mas como as coisas vão andando pouco ou nada deve afectar os verdadeiros «culpados» se ainda conseguirem ser «descobertos».

CÃO: Achas que os «miúdos» fantasiaram?
PINCHA:
Convém que essa ideia vá para a frente porque depois, até se podem pedir indemnizações. Não seria a primeira.

CÃO: A vossa racionalidade dá para isso, não é?
PINCHA:
Infelizmente assim é a ainda bem que não chegou aos animais senão ainda arranjavas um motivo para me pedir uma indemnização.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A CAÇA À MULTA

CÃO: Ouviste em tempos a conversa sobre a caça à multa?
PINCHA:
Admira-te que algum dia esteja alguém a tua espera quando levantares a perna para «delimitar» as tuas propriedades ou, pelo menos, aquelas que julgas que são tuas.

CÃO: Isso seria mau e maldoso.
PINCHA:
Porquê?

CÃO: Porque não poderia fazer o meu «serviço» como deve ser.
PINCHA:
Embora os outros sejam prejudicados por isso?

CÃO: Prejudicados, mas pouco!
PINCHA:
Se há regras a cumprir, se a população estabeleceu democraticamente essas leis, nada melhor do que dar-lhes cumprimento. Os outros não são obrigados e pôr os pés nas tuas porcarias nem devem ser incomodados com os maus cheiros que vais deixando.

CÃO: E os gatos que andam em casa dos outros?
PINCHA:
Andam, mas eu mando-os embora sempre que posso. Também não concordo. Em vez de ficarem nas casas e quintais dos donos, vão sempre para a casa dos vizinhos. Que peste!

CÃO: Outros tempos virão em que as pessoas serão mais civilizadas do que agora. É sempre bom lidar com pessoas que se respeitam umas às outras.
PINCHA:
Bom é mas torna-se muito raro. Os automobilistas querem conduzir depressa e necessitam que a polícia não esteja à espreita. Os magnatas e os empresários também querem enriquecer rapidamente e como não têm essa caça à multa, a vida deles fica muito mais facilitada do que a nossa.

CÃO: Tens razão. É tão triste e desagradável!
PINCHA:
Acho que em muitos sectores da vida a caça à multa tem de existir para «moralizar» aqueles que são pouco «moralistas» e «prejudiciais» para os seus semelhantes.

CÃO: Se todos fossem sujeitos aos mesmos padrões de rigor tudo estaria bem.
PINCHA:
Para os pequenos existem, mas faltam os outros não é?

CÃO: Faltam muitos outros. Por exemplo, muitos políticos, empresários e altos dirigentes.
PINCHA:
Também acho que se esses indivíduos dessem o exemplo, as coisas seriam muito melhores. E a notícia de que um Alto Magistrado seguia pela auto-estrada em alta velocidade? Aconteceu-lhe alguma coisa? Para um simples «pobrezinho» é desencorajante e um mau exemplo para todos os outros. Assim, todos quererão ser altos magistrados para fugir às multas com justificações pomposas.

CÃO: E porque não gestores topo de gama com cartões de crédito?
PINCHA:
Não sei o que aconteceu na CP. Também pouco se está a falar na embrulhada do BPN e do BPP. Se calhar vão falar muito para «encalhar» e «esfumarem-se» num determinado momento em que se deveriam saber as consequências para os prevaricadores.

CÃO: Alguns até podem ficar com indemnizações pagas quase de imediato pelo Estado.
PINCHA:
Já me estou a lembrar de um. Vale a pena ter bons irmãos, advogados e partidários!

CÃO: No final, a caça à multa deveria ser para todos.
PINCHA:
Também digo. Falando apenas no domínio da condução automóvel, quando me desloco para o Norte ou para o Sul, com uma velocidade entre 110 e 130, posso ultrapassar um ou dois carros num percurso de mais de 300 quilómetros. E os outros que nem consigo ver depois de me ultrapassarem? Onde estariam nesse momento os «caçadores de multas»?

CÃO: A lei seria boa se fosse igual para TODOS e devidamente cumprida. Senão, quem paga as favas são os mais desfavorecidos.
PINCHA:
Até amanhã. Vai dar a tua volta antes que venha algum fiscalizador de lei. Senão, quem vai ser caçado sou eu. Aproveita. Vai até Alcochete para ver o que se passa no Freeport!

domingo, 25 de janeiro de 2009

ALDRABEX

CÃO: Já reparaste ne confusão que se criou com o FREEPORT?
PINCHA: Não compreendo a razão porque o Sócrates tem vindo a fazer desmentidos e comunicados. E o Procurador também a dizer umas coisas. Aqui há gato!

CÃO: Ainda bem que não há cão. Deve ser para manter o bom-nome.
PINCHA: Se o nome é do Sócrates, provavelmente, para isso, o velho Sócrates aproveitaria, há séculos, apenas um momento oportuno e diria que estava interessado em que a verdade se apurasse o melhor e o mais rapidamente possível para que não restassem dúvidas, especialmente em tempos de campanha eleitoral, como aconteceu há 4 anos.

CÃO: A não ser que a verdade não interesse a alguém e se esteja a atrasar o processo ou se tente deitar poeira nos olhos do público ingénuo.
PINCHA: Achas que pode ser isso?

CÃO: Não sei, mas também «deitarem foguetes» sempre que «despejam» uma nova legislação para cima do «contribuinte» não é método correcto. Assim foi com a legislação do «impingimento» da publicidade em todas as caixas de correio. Também é a de muitos outros «simplex» que vão sendo instituídos. Muita promoção e pouco cumprimento. Mais propaganda do que resultados.
PINCHA: Queres dizer que não estás satisfeito com a governação?

CÃO: Em algumas coisas acho que vai bem. Tomaram-se medidas que deveriam ser implementadas há muito e contrariaram-se outras que estavam mal tomadas. Mas daí até estar satisfeito vai um grande passo. Só se as medidas foram do teu inteiro agrado.
PINCHA: Concordo plenamente contigo e nem sei em quem votar no futuro. Agora, com as reuniões dos «Bilderberg» e outros, interessa-me mais do que nunca utilizar a minha cabeça e procurar em todos os contentores de reciclagem algum exemplar raro que possa ser aceitável! Se o Sócrates estiver metido nesta embrulhada do Freeeport, para mim, é o fim. Não sei em quem posso acreditar ou se devo acreditar em alguém ou em alguma coisa neste país.

CÃO: Parece que neste País quase nada se conseguiu lucrar com o fim do salazarismo.
PINCHA: Bem o dizes. Estragaram tudo o que era bom e aumentaram os «vícios» propagando-os por toda a população. É um vírus novo. Antigamente, quem vigarizava era um Senhor e, às vezes, fazia-o legalmente. Agora, quem não «vigariza» é trouxa e parece que isso chega até aos detentores do poder. Processos judiciais não faltam mas «emperram» ou «esfumam-se». Antigamente, o Ballet Rose era um grupo artístico, mas agora surge um bando de maltrapilhos denominado Casa Pia.

CÃO: Sim. Essas coisas não podiam existir numa sociedade tão pura e católica como a antiga. Não era muçulmana. Agora, as coisas mudaram e têm outro nome e uma filosofia diferente. As moscas são outras.
PINCHA: Parece-me que tens razão porque até eu, que não me deixo influenciar facilmente pela televisão, rádio, jornais e outros «fazedores de opinião», estou muito desorientado e não me afasto dos caixotes de lixo à espera de ter a sorte de encontrar alguma coisa válida. Depois, mesmo assim, pode ser que tenha de votar com o boletim riscado com uma cruz.
Que vão todos para o raio que os parta!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

OS CASAMENTOS DOS SARILHOS

CÃO: Bom Dia! Bons olhos te vejam. Estás com cara de preocupado.
PINCHA:
Talvez um pouco.

CÃO: Ontem não ficaste satisfeito com a tomada de posse do Barraca Abana?
PINCHA:
Com certeza que fiquei.

CÃO: Assim, pelo menos já não temos mais Embusteiros nem Flibusteiros. Pode ser que, pelo menos, as guerras tenham tendência a diminuir, se não puderem ser acabadas de vez.
PINCHA:
Este também é o meu desejo. A composição das pessoas do seu Gabinete, escolhidas entre as mais diversas tendências, é fantástica. Além disso, nem o seu mais feroz «inimigo» das campanhas foi desprezado. Poucos seriam capazes de ter um gesto tão nobre. Faço votos por que essas pessoas e as que se dizem humanas, racionais e mais inteligentes do que tu, comecem a agir e viver melhor do que os teus semelhantes.

CÃO: A gente também se zanga mas só quando, indevidamente, nos tiram o osso ou não deixam dar a «volta de demarcação e reconhecimento» de vez em quando.
PINCHA:
Admiro em vocês não serem tão gananciosos como os humanos. Lá nisso tenho de vos render as minhas homenagens.

CÃO: É preciso ter paciência. Mas o que mais me enterneceu ontem foi o discurso do Presidente no sentido da concórdia e do entendimento através do diálogo, compreensão mútua e cedências de parte a parte. Ouviste e viste o grupo de músicos de diversas raças ou etnias? Foi tão simpático!
PINCHA:
Também achei quase comovente mas fiquei sem saber a razão porque houve uma falha.

CÃO: Qual? Não viste que havia nesse agrupamento musical preto, branco, amarelo, hispânico?
PINCHA:
Vi lá perfeitamente aqueles que com o seu suor, sangue, lágrimas, sacrifícios, desesperos, sobrancerias, humilhações e angústias ajudaram a «construir» quase uma nova civilização.

CÃO: Se viste, não ficaste satisfeito?
PINCHA:
Fiquei satisfeito em parte.

CÃO: Então qual a tua discordância?
PINCHA:
Os que lá estavam ajudaram a «construir» o país numa terra que já lá existia. De quem? Não tinha dono? Qual a razão de não estar lá o dono dessas propriedades que os outros apenas valorizaram? Se estivesse lá um representante desses donos seria a cereja em cima do bolo. Compreendes a minha insatisfação por não conseguir ver lá um pele-vermelha?

CÃO: Assim compreendo. Mas… e a tua preocupação?
PINCHA:
A minha grande preocupação é o Cardeal Patriarca não ter conseguido prevenir Miquelina, em tempo oportuno, a não se casar com um muçulmano.

CÃO: Porquê?
PINCHA:
Porque agora, nem Alá sabe os sarilhos em que ela se meteu como Primeira Dama.