quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O MODELO E AS AVALIAÇÕES

CÃO: Já não te via há muito tempo.
PINCHA:
Estive fora, em trabalho e sem possibilidades de te ver.

CÃO: Gostaste do que viste?
PINCHA:
Mais ou menos. Em Angola e Cabo Verde os «portugueses» poderiam ter feito muito mais do que fizeram apenas nos últimos tempos e com muito mais rendimento do que agora, depois de guerras e destruições. Assim, talvez até as pudessem ter evitado.

CÃO: Se te referes ao ensino, as coisas aqui estão más e estupidamente radicalizadas.
PINCHA:
Isso só acontece quando as pessoas são «unidireccionais» e «marram» como os rinocerontes. Em 1975 já conheci gente assim.

CÃO: Achas que os protestos sindicais de hoje são justificativos da suspensão das avaliações com a justificação de que o modelo das avaliações é mau?
PINCHA:
Qual o modelo que os profesores propõem?

CÃO: Não sei. E nem sei se eles sabem!
PINCHA:
Isto quer dizer que não têm modelo ou que não querem avaliações?

CÃO: Em tempos, tu também foste professor!
PINCHA:
Fui durante quase dois anos e sempre quis que houvesse uma avaliação, mesmo que incipiente, dos alunos e dos seus pais. Dos colegas professores, que não assistiam às aulas, podia muito bem dispensar a avaliação. Até poderia ser má para mim, de acordo com as suas conveniências.

CÃO: Então, já tinhas um modelo em vista.
PINCHA:
Muito incipiente, mas dava para compreender algum tanto se os alunos gostavam das aulas e os pais achavam bem aquilo que os filhos aprendiam.

CÃO: Mas achas que os professores fizeram bem em entar em greve?
PINCHA:
Já pensaste na justificação que eles dão dizendo que a avaliação rouba muito tempo de contacto com os alunos? E as greves não roubam? E não causam mais transtornos ainda? Para mais, quando essa justificação nada tem a ver com o modelo de avaliação que agora pode ser discutido com o Ministério? Já viste o incómodo que eles provocaram hoje aos pais? Tive de me deslocar cerca de 30 quilómetros para estar com os netos o dia quase todo porque não tiveram aulas. Quantas vezes já aconteceu o mesmo? Se isto significa os professores estarem mais tempo com os alunos, é preferível que não aconteça porque em nada beneficia os alunos enquanto prejudica os pais e os restantes familiares. E utilizar os alunos para as suas manifestações «manipulando-os» convenientemente? Achas bem?

CÃO: O que é que achas que se deve fazer?
PINCHA:
Não sei, mas deve haver uma via para dialogar e suspender aquilo que é mau, conservando aquilo que interessa. Fazer o que se fez na «revolução de Abril» a partir do dia 2 de Maio é voltar a uma ideologia espúria e a radicalismos inúteis e prejudiciais para a economia e progresso do país. É servirmos os interesses partidários tal como aconteceu há 34 anos. Lembras-te do Ministro «Costa Martins» que dizem ter-se «abotoado» com o dinheiro do «dia de trabalho»? Toda essa movimentação e alarido de nada serviu o país e até contribuiu para o seu empobrecimento moral, intelectual e profissional com a eliminação dos bons cursos profissionais que havia na época. Começou o ensino «democratizado» com a «fabricação» dos doutores de pacotilha em universidades que pouco têm contribuído para a verdadeira melhoria do ensino

CÃO: Achas que se pode conseguir uma via alternativa?
PINCHA:
Seguramente. É necessário que as pessoas de bom senso e especialmente os pais consigam impor-se de modo a conseguirem um ensino bem avaliado que dê aos seus filhos uma qualificação mais válida do que a actual, útil para a sua vida e para o progresso do país e sem as euforias dos «Magalhães» ou qualquer outro «Sócrates» que por aí possa aparecer.

CÃO: Para tanto, não são só os programas e o ensino que têm de ser válidos mas também aqueles que os ministram.
PINCHA:
Logo, portanto, por conseguinte, as avaliações objectivas e honestas dos professores são tão essenciais como as dos programas, bem como dos dirigentes que manipulam tudo isso.

CÃO: E quem é que os avalia?
PINCHA:
Não te esqueças das próximas eleições. Mas parece-me que é difícil escolher o menos pior!