segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A CAÇA À MULTA

CÃO: Ouviste em tempos a conversa sobre a caça à multa?
PINCHA:
Admira-te que algum dia esteja alguém a tua espera quando levantares a perna para «delimitar» as tuas propriedades ou, pelo menos, aquelas que julgas que são tuas.

CÃO: Isso seria mau e maldoso.
PINCHA:
Porquê?

CÃO: Porque não poderia fazer o meu «serviço» como deve ser.
PINCHA:
Embora os outros sejam prejudicados por isso?

CÃO: Prejudicados, mas pouco!
PINCHA:
Se há regras a cumprir, se a população estabeleceu democraticamente essas leis, nada melhor do que dar-lhes cumprimento. Os outros não são obrigados e pôr os pés nas tuas porcarias nem devem ser incomodados com os maus cheiros que vais deixando.

CÃO: E os gatos que andam em casa dos outros?
PINCHA:
Andam, mas eu mando-os embora sempre que posso. Também não concordo. Em vez de ficarem nas casas e quintais dos donos, vão sempre para a casa dos vizinhos. Que peste!

CÃO: Outros tempos virão em que as pessoas serão mais civilizadas do que agora. É sempre bom lidar com pessoas que se respeitam umas às outras.
PINCHA:
Bom é mas torna-se muito raro. Os automobilistas querem conduzir depressa e necessitam que a polícia não esteja à espreita. Os magnatas e os empresários também querem enriquecer rapidamente e como não têm essa caça à multa, a vida deles fica muito mais facilitada do que a nossa.

CÃO: Tens razão. É tão triste e desagradável!
PINCHA:
Acho que em muitos sectores da vida a caça à multa tem de existir para «moralizar» aqueles que são pouco «moralistas» e «prejudiciais» para os seus semelhantes.

CÃO: Se todos fossem sujeitos aos mesmos padrões de rigor tudo estaria bem.
PINCHA:
Para os pequenos existem, mas faltam os outros não é?

CÃO: Faltam muitos outros. Por exemplo, muitos políticos, empresários e altos dirigentes.
PINCHA:
Também acho que se esses indivíduos dessem o exemplo, as coisas seriam muito melhores. E a notícia de que um Alto Magistrado seguia pela auto-estrada em alta velocidade? Aconteceu-lhe alguma coisa? Para um simples «pobrezinho» é desencorajante e um mau exemplo para todos os outros. Assim, todos quererão ser altos magistrados para fugir às multas com justificações pomposas.

CÃO: E porque não gestores topo de gama com cartões de crédito?
PINCHA:
Não sei o que aconteceu na CP. Também pouco se está a falar na embrulhada do BPN e do BPP. Se calhar vão falar muito para «encalhar» e «esfumarem-se» num determinado momento em que se deveriam saber as consequências para os prevaricadores.

CÃO: Alguns até podem ficar com indemnizações pagas quase de imediato pelo Estado.
PINCHA:
Já me estou a lembrar de um. Vale a pena ter bons irmãos, advogados e partidários!

CÃO: No final, a caça à multa deveria ser para todos.
PINCHA:
Também digo. Falando apenas no domínio da condução automóvel, quando me desloco para o Norte ou para o Sul, com uma velocidade entre 110 e 130, posso ultrapassar um ou dois carros num percurso de mais de 300 quilómetros. E os outros que nem consigo ver depois de me ultrapassarem? Onde estariam nesse momento os «caçadores de multas»?

CÃO: A lei seria boa se fosse igual para TODOS e devidamente cumprida. Senão, quem paga as favas são os mais desfavorecidos.
PINCHA:
Até amanhã. Vai dar a tua volta antes que venha algum fiscalizador de lei. Senão, quem vai ser caçado sou eu. Aproveita. Vai até Alcochete para ver o que se passa no Freeport!

domingo, 25 de janeiro de 2009

ALDRABEX

CÃO: Já reparaste ne confusão que se criou com o FREEPORT?
PINCHA: Não compreendo a razão porque o Sócrates tem vindo a fazer desmentidos e comunicados. E o Procurador também a dizer umas coisas. Aqui há gato!

CÃO: Ainda bem que não há cão. Deve ser para manter o bom-nome.
PINCHA: Se o nome é do Sócrates, provavelmente, para isso, o velho Sócrates aproveitaria, há séculos, apenas um momento oportuno e diria que estava interessado em que a verdade se apurasse o melhor e o mais rapidamente possível para que não restassem dúvidas, especialmente em tempos de campanha eleitoral, como aconteceu há 4 anos.

CÃO: A não ser que a verdade não interesse a alguém e se esteja a atrasar o processo ou se tente deitar poeira nos olhos do público ingénuo.
PINCHA: Achas que pode ser isso?

CÃO: Não sei, mas também «deitarem foguetes» sempre que «despejam» uma nova legislação para cima do «contribuinte» não é método correcto. Assim foi com a legislação do «impingimento» da publicidade em todas as caixas de correio. Também é a de muitos outros «simplex» que vão sendo instituídos. Muita promoção e pouco cumprimento. Mais propaganda do que resultados.
PINCHA: Queres dizer que não estás satisfeito com a governação?

CÃO: Em algumas coisas acho que vai bem. Tomaram-se medidas que deveriam ser implementadas há muito e contrariaram-se outras que estavam mal tomadas. Mas daí até estar satisfeito vai um grande passo. Só se as medidas foram do teu inteiro agrado.
PINCHA: Concordo plenamente contigo e nem sei em quem votar no futuro. Agora, com as reuniões dos «Bilderberg» e outros, interessa-me mais do que nunca utilizar a minha cabeça e procurar em todos os contentores de reciclagem algum exemplar raro que possa ser aceitável! Se o Sócrates estiver metido nesta embrulhada do Freeeport, para mim, é o fim. Não sei em quem posso acreditar ou se devo acreditar em alguém ou em alguma coisa neste país.

CÃO: Parece que neste País quase nada se conseguiu lucrar com o fim do salazarismo.
PINCHA: Bem o dizes. Estragaram tudo o que era bom e aumentaram os «vícios» propagando-os por toda a população. É um vírus novo. Antigamente, quem vigarizava era um Senhor e, às vezes, fazia-o legalmente. Agora, quem não «vigariza» é trouxa e parece que isso chega até aos detentores do poder. Processos judiciais não faltam mas «emperram» ou «esfumam-se». Antigamente, o Ballet Rose era um grupo artístico, mas agora surge um bando de maltrapilhos denominado Casa Pia.

CÃO: Sim. Essas coisas não podiam existir numa sociedade tão pura e católica como a antiga. Não era muçulmana. Agora, as coisas mudaram e têm outro nome e uma filosofia diferente. As moscas são outras.
PINCHA: Parece-me que tens razão porque até eu, que não me deixo influenciar facilmente pela televisão, rádio, jornais e outros «fazedores de opinião», estou muito desorientado e não me afasto dos caixotes de lixo à espera de ter a sorte de encontrar alguma coisa válida. Depois, mesmo assim, pode ser que tenha de votar com o boletim riscado com uma cruz.
Que vão todos para o raio que os parta!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

OS CASAMENTOS DOS SARILHOS

CÃO: Bom Dia! Bons olhos te vejam. Estás com cara de preocupado.
PINCHA:
Talvez um pouco.

CÃO: Ontem não ficaste satisfeito com a tomada de posse do Barraca Abana?
PINCHA:
Com certeza que fiquei.

CÃO: Assim, pelo menos já não temos mais Embusteiros nem Flibusteiros. Pode ser que, pelo menos, as guerras tenham tendência a diminuir, se não puderem ser acabadas de vez.
PINCHA:
Este também é o meu desejo. A composição das pessoas do seu Gabinete, escolhidas entre as mais diversas tendências, é fantástica. Além disso, nem o seu mais feroz «inimigo» das campanhas foi desprezado. Poucos seriam capazes de ter um gesto tão nobre. Faço votos por que essas pessoas e as que se dizem humanas, racionais e mais inteligentes do que tu, comecem a agir e viver melhor do que os teus semelhantes.

CÃO: A gente também se zanga mas só quando, indevidamente, nos tiram o osso ou não deixam dar a «volta de demarcação e reconhecimento» de vez em quando.
PINCHA:
Admiro em vocês não serem tão gananciosos como os humanos. Lá nisso tenho de vos render as minhas homenagens.

CÃO: É preciso ter paciência. Mas o que mais me enterneceu ontem foi o discurso do Presidente no sentido da concórdia e do entendimento através do diálogo, compreensão mútua e cedências de parte a parte. Ouviste e viste o grupo de músicos de diversas raças ou etnias? Foi tão simpático!
PINCHA:
Também achei quase comovente mas fiquei sem saber a razão porque houve uma falha.

CÃO: Qual? Não viste que havia nesse agrupamento musical preto, branco, amarelo, hispânico?
PINCHA:
Vi lá perfeitamente aqueles que com o seu suor, sangue, lágrimas, sacrifícios, desesperos, sobrancerias, humilhações e angústias ajudaram a «construir» quase uma nova civilização.

CÃO: Se viste, não ficaste satisfeito?
PINCHA:
Fiquei satisfeito em parte.

CÃO: Então qual a tua discordância?
PINCHA:
Os que lá estavam ajudaram a «construir» o país numa terra que já lá existia. De quem? Não tinha dono? Qual a razão de não estar lá o dono dessas propriedades que os outros apenas valorizaram? Se estivesse lá um representante desses donos seria a cereja em cima do bolo. Compreendes a minha insatisfação por não conseguir ver lá um pele-vermelha?

CÃO: Assim compreendo. Mas… e a tua preocupação?
PINCHA:
A minha grande preocupação é o Cardeal Patriarca não ter conseguido prevenir Miquelina, em tempo oportuno, a não se casar com um muçulmano.

CÃO: Porquê?
PINCHA:
Porque agora, nem Alá sabe os sarilhos em que ela se meteu como Primeira Dama.

domingo, 4 de janeiro de 2009

FELIZ ANO DE 2009!

CÃO: Bom Ano Novo.
PINCHA:
Só se for para ti.

CÃO: Porquê?
PINCHA:
Não ouviste o Presidente da República dizer que iríamos ter maus momentos?

CÃO: Ele e outros disseram que iríamos sofrer as consequências dos desmandos dos últimos 8 anos de governação.
PINCHA:
Se são consequências, quer dizer que a governação foi anterior em pelo menos 2 anos!

CÃO: É lógico, porque as consequências dos disparates seguem-se aos mesmos.
PINCHA:
Se a governação actual é má, quem esteve há 10 anos no governo?

CÃO: Estou a lembrar-me que é capaz de ter sido o sucessor do pai do «monstro».
PINCHA:
E os disparates de quem esteve no Ambiente há anos também se foram notando posteriormente às medidas «no papel». Parece que julgam que «legislar» resolve tudo e que não é necessário que «todos» cumpram a lei.

CÃO: Estás a falar nas caixas de correio entupidas com propaganda inútil e indesejada a ponto do correio normal ir parar à rua?
PINCHA:
Existe legislação «para inglês ver» mas que não se cumpre. Até os distribuidores se dão ao luxo de retirar as etiquetas «só correio endereçado» ou «não desejamos publicidade» para mostrar que não existe qualquer indicativo de rejeição da sua «propaganda».

CÃO: Estás a fazer lembrar-me dos PDM que se alteram conforme as circunstâncias e os «beneficiários».
PINCHA:
Mas isso é «interesse nacional», «de alguns», «em certos momentos».

CÃO: É por isso que existe tanta «corrida» para os tachos da Assembleia de República e do Governo! E depois, os diversos «arranjinhos».
PINCHA:
São uns sacrificados. É por isso que são permitidas as acumulações! É para não morrerem de fome e de cansaço enquanto trabalham «para o povo».

CÃO: E achas que a alteração do estatuto dos Açores está conotada com isso?
PINCHA:
Não sei. Mas o Presidente da República teve tempo e meios para evitar «constitucionalmente» que o mesmo não tivesse a actual forma final. Todos os partidos não votaram inicialmente a favor? Porquê? Eram ignorantes, estavam a dormir ou havia interesses a defender? De quem e porquê?

CÃO: Oxalá que o Novo Ano não nos traga mais dissabores do que o último. Já fizemos sacrifícios exagerados. O famoso défice está mais ou menos controlado o que já era necessário há muitos anos. Os «não-favorecidos» sufocam cada vez mais.
PINCHA:
Sim. Era necessário. Mas não se fazia pelo menos a partir da criação do «monstro». Lembro-me que o pai do monstro garantiu que em pouco mais de 4 anos iríamos ter um nível de vida mais ou menos equivalente ao da Europa. Naquele momento, não me apercebi que estava a falar na «cauda» à qual pertencemos há mais de meio século. No mandato seguinte «deixei-o trabalhar» até que resolveu tentar ser o «avô do monstro», mas não conseguiu de imediato.

CÃO: E que tal o achas agora?
PINCHA:
Bom, quando não disparata, de vez em quando, como agora. Mas para o que foi e o que é, vai uma grande diferença para melhor!

CÃO: Então estamos «safos»!
PINCHA:
Nem por isso. A economia vai dar muito que falar e não são as taxas de juro, os «avais» aos bancos e as «obras directas» do Sócrates, sem qualquer concurso, que irão resolver a situação. Podem piorá-la e muito mais do que agora.

CÃO: É o que se passa também com os reformados «inválidos para o Estado» e que são reciclados de seguida para as instituições quase públicas, provavelmente, sem tantos cartões de crédito!
PINCHA:
Boa técnica. Aqui não existe caça à multa! Disso falaremos mais tarde. Hoje já não posso mais. É o cansaço do ano 2009.