segunda-feira, 9 de março de 2009

O DESBOCADO

CÃO: Hoje não me acompanhaste na minha volta habitual!
PINCHA:
Não admira. Fiquei a ouvir Medina Carreira a falar com Mário Crespo, na SIC, logo depois do noticiário.

CÃO: E que tal foi a conversa para ficares tão entretido?
PINCHA:
Disse muita coisa daquilo que temos vindo a discutir há muito tempo.

CÃO: Disse que os políticos tinham de ser mais sérios?
PINCHA:
Não. Disse que os políticos tinham de ser sérios.

CÃO: E que têm de não ser clientes partidários à espera de benesses?
PINCHA:
Afirmou que eles têm de pensar no país e não neles próprios.

CÃO: Aventou algumas medidas para sairmos da crise?
PINCHA:
Não. Disse que o importante é mudar toda a nossa mentalidade e a bagagem de conhecimentos, cívica e intelectual, sem diplomas de pacotilha. O resto virá por acréscimo.

CÃO: Fez algumas comparações sobre a economia?
PINCHA:
Deixou tudo de rastos quando comparou a economia actual com os tempos em que Salazar teve de tomar conta das Finanças.

CÃO: Vamos ter outro ditador?
PINCHA:
Pelos vistos, com o andar da carruagem, não deve tardar muito.

CÃO: O que queres dizer com isto?
PINCHA:
Ele disse que a economia foi melhorando desde 1910 até 1960-80 e depois, foi-se «afundando» até chegar aos níveis de 1910.

CÃO: Estou a lembrar-me da tua primeira intervenção a abrir este blog com REVOLUÇÃO DE ABRIL, de 4 de Abril de 2007. Nessa ocasião eu não estava a intervir. Só comecei depois de me teres apresentado à sociedade no dia seguinte.
PINCHA:
Sim. E a tua primeira intervenção foi com OS DIRECTORES-GERAIS ESPECIAIS «inventados» pela Manuela Azeda o Leite com todas as suas «economias» e igualdades políticas.

CÃO: E que soluções apresentou Medina Carreira?
PINCHA:
Nenhumas. Disse que toda a nossa estrutura mental e o nível de instrução, consciência política, participação democrática e atitude perante a vida têm de mudar de maneira a tornar cada cidadão capaz de zelar pelo futuro do seu próprio país. Sem isso, nada feito. Ficamos dependentes dos subsídios e das indicações que os outros nos dão enganando-nos cada vez mais.

CÃO: Quer dizer que vivemos de aparências, a fazer de conta, a consumir mais do que produzimos e a sentirmo-nos «importantes»?
PINCHA:
Foi mais ou menos isso. Temos de arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Não podemos deixar para amanhã o que tem de ser feito hoje. Não podemos viver nas ilusões dos Magalhães, dos TGV, dos aeroportos, dos Centros Culturais. Enfim, das megalomanias às quais nos viemos habituando desde 1975.

CÃO: Não estou a compreender. Ele não esteve no Governo?
PINCHA:
Esteve, mas necessita de mais tempo para falar de muita coisa. Meia hora não chega.

CÃO: Quando houver essa oportunidade diz-me. Vou deixar de dar a minha volta para me sentar ao pé de ti. Quero ouvir aquele velhote desbocado.
PINCHA:
Para mim, foi fantástico. Foi uma entrevista que se deveria ter prolongado por muito mais tempo obrigando todos os governantes a ouvi-la e a pensarem mais no país do que neles próprios e no coçar das suas sarnas.

CÃO: E achas que eles vão-se importar com isso?
PINCHA:
Já sei que vão dizer que é um velho maluco e que só eles estão certos.

CÃO: E falou em fundar algum novo partido político?
PINCHA:
Não. Disse que não valia a pena haver mais casas de má fama.

CÃO: Assim já sabes porque não vou para o Parlamento!
PINCHA:
Porque já lá estão o Candal e o Martins?

1 comentário:

Mário de Noronha disse...

Hoje vi, de novo, um programa com o Nuno Crato e Isabel Soares.
Gostei das considerações que fui ouvindo, mas preferia que o «handicap» de Isabel Soares fosse deficiente, senão qualquer dia estaremos apenas com a «fashion» do estrangeiro em vez de termos algo de típico e genuinamente nosso.
Boa sorte para os programas de Mário Crespo.