domingo, 22 de março de 2009

O MUNDO SEM A SIDA?

CÃO: Viste hoje, ao meio-dia, a CONTRA-INFORMAÇÃO e depois o jornal da RTP 1?
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Vi tudo e gostei muito. Foi magnífico, especialmente naquilo que se refere ao Vale e Azevedo. Assim é que eles se safam.

CÃO: Olha. Com o Sol muito envergonhado, podemos sentar-nos debaixo do caramanchão. Tu estendes as pernas, ficas mais à vontade e eu descanso as fadigas ao teu lado.
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Que almoço magnífico! Vamos para lá fazer a digestão e conversar.

CÃO: Estamos bem aqui para podermos descansar e conversar.
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E tu a quereres satisfazer a tua curiosidade!

CÃO: Viste como o Papa foi entusiasticamente recebido em Angola?
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Como o Sócrates em Cabo-Verde?

CÃO: Melhor ainda. Até provocou dois mortos.
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Lembras-te da nossa conversa sobre CARNAVAL CENSURADO, em 21 de Fevereiro? Intervenção que até foi favoravelmente comentada por um psicólogo? Gustavo Le Bon tem razão na sua Psicologia das Multidões. É assim que se manipulam as massas nas campanhas eleitorais, festas de música, comícios, manifestações, campanhas de propaganda, vendas de benesses, etc. Que se cuide aquele que não deseja ser «envolvido» por acontecimentos semelhantes. Todo o cuidado é pouco. É também de maneira semelhante que os «Bernard Madoff» funcionam. Mas quem fica legalmente sem o dinheiro ou os pertences somos nós, os parvos!

CÃO: Mas o que é que o Papa foi fazer mais à África?
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Se calhar, foi dar cabo do negócio dos preservativos.

CÃO: Mas ele falou também em distribuir melhor a riqueza e eliminar a corrupção.
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Se calhar estava a falar dos outros países e não do seu Estado.

CÃO: Não sei. Mas, na generalidade, tem razão. A corrupção aumenta em cada dia que passa e, o pior de tudo, os seus «beneficiários» ficam impunes quer nos países desenvolvidos quer ainda naqueles em que as populações morrem miseravelmente à fome enquanto os seus dirigentes se locupletam de benesses.
PINCHA:
Se estamos em democracia ou caminhamos para ela, pertence à grande massa da população a determinação do seu próprio destino.

CÃO: Não é para isso que servem as eleições?
PINCHA:
Não me faças rir. Não reparaste que as populações só conseguem escolher um mal menor? Todos aqueles que se propõem para dirigentes, só pensam em lá chegar «democraticamente» utilizando a população como instrumento válido para a sua subida ao poder. Depois, é aquilo que se vê ou que se sente na pele, como todos nós agora. A Maria José Morgado até falou nisso nos jornais.

CÃO: Não me provoques mais arrepios. Qual é a solução?
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Educação e formação das pessoas para que se preocupem mais com o bem comum do que apenas com os seus interesses egoísticos e aparentemente civilizados.

CÃO: Porque é que dizes aparentemente civilizados?
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Já reparaste que quase todos tratam os outros por «querida», «querido», «amor», «amorzinho», etc. para logo de seguida lhes fazerem mal ou enganar? Onde fica a civilidade?

CÃO: O vosso mal, o dos humanos, é falarem muito. Se fossem como nós, não haveria semântica tão traiçoeira. O tom do nosso ladrar ou rosnar significa muito. Não adquire as tonalidades mistificadoras das vossas palavras enganadoras. Dizem uma coisa mas escondem outro significado.
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Concordo. É o resultado da nossa «civilização» em que não preservamos os valores da pessoa humana, da sua autenticidade, da sua sinceridade perante os outros, da sua honestidade, da sua utilidade no mundo.

CÃO: Isso vê-se perfeitamente nas vossas propagandas estapafúrdias em que se incita toda a gente a ter mais benesses do que os outros e nunca a melhorar as suas condições de vida sem prejudicar os outros ou até em consonância com o meio ambiente. Assim, até nos vão prejudicar com o efeito de estufa e outros que tais provocados com a vossa ganância, vaidade pessoal e falta de «humanidade». Não seria melhor que entre vocês houvesse mais «animalidade»? Entre nós, «os outros animais», não temos SIDA mas também não somos «civilizados»!
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Tens razão. As estatísticas difundidas há anos, pela ROCHE, dizem que a incidência da SIDA aumentou em 50% na Ásia Oriental, especialmente na China; em 40% na Ásia Central, especialmente nos países Soviéticos; na África Subsahariana, etc., também tem tendência a aumentar. Exceptuam-se as Caraíbas onde a prevalência é muito menor.

CÃO: Vês que tenho razão? Se calhar vivem mais como nós do que como os chamados «civilizados» mas diferenciam-se por não pretenderem possuir sempre «mais do que os outros», até nos aparentes «gozos» carnais. Basta ver as vossas Revistas que mais «proliferam»; só «fofoquices», escândalos e ladroeiras. Que vida tão hipócrita!
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Tenho de me render à evidência. Podíamos ser mais racionais e menos dados a viver o momento actual, aparentemente «melhor do que ou outros».

CÃO: Apesar de tudo, embora vocês se tenham afastado dos bons hábitos que nós ainda preservamos, não necessitam de dar cabo da indústria dos preservativos. O Papa pode não precisar deles a não ser para se abrigar da chuva quando não tiver um guarda-chuva. Mas, qualquer de vocês, no momento da «fraqueza humana», pode necessitar dos mesmos. Da maneira como o Papa deseja, o homem vai infectar a mulher que, por sua vez, vai infectar outros homens e as crianças que por acaso «vierem» se o preservativo «for à vida». Por sua vez, esses homens, nos momentos das suas práticas sexuais habituais, irão infectar outras mulheres e outras crianças. Não admira, por isso, que as tuas estatísticas estejam certas mesmo enquanto alguns usam o preservativo. Se começarem a não o utilizar já calculaste o «pulo gigante» que essas estatísticas irão dar?
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O que achas … … …

CÃO: Perdeste a fala a olhar para o vazio?
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Não. Estava a pensar que podemos aprender com a crise mundial.

CÃO: Como?
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Se existe crise é porque não há consumo. Os produtores vão à falência.

CÃO: O que queres dizer com isso?
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Se os homens não «consumirem» as mulheres ou outros homens indiscriminadamente, não haverá a propagação da SIDA. Não me parece que a SIDA possa «acontecer» nas relações «não promíscuas».

CÃO: Eureka! Estás a dar-me razão. Mesmo que haja muita oferta, se a necessidade for pouca, não haverá consumo ou será pouquíssimo! Se não se criar a necessidade da droga, do álcool, do sexo indiscriminado, não haverá consumo e essa indústria ou a sua produção «irá abaixo». Tudo isto depende dos consumidores que são vocês próprios. Vocês deixarão de necessitar de hospitais especializados e centros de recuperação, de brigadas de polícia de fiscalização de tabaco, álcool, droga, etc., etc.
PINCHA:
Mas isso vai criar desemprego!

CÃO: Não. Vai evitar trabalho desnecessário porque esses produtos não são um bem que beneficie a sociedade. Vai haver menos trabalho e, aquele que existir, pode ser equitativamente dividido por todos deixando muito tempo para as aprendizagens, para a vida em família, para o lazer e para outras actividades mais benéficas para o género humano do que o consumo indiscriminado do sexo, droga e até de bens materiais estapafúrdios e desnecessários.
PINCHA:
Mas, para isso, a educação dos existentes, e especialmente dos vindouros, teria de mudar radicalmente. Voltamos ao ponto de partida de quase todas as nossas conversas. A educação é necessária, fundamental, imprescindível e não pode ficar apenas nas mãos dos professores. Os pais têm de intervir e actuar. Caso contrário, é melhor não terem filhos.

CÃO: Já viste que o Papa não tem razão?
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Porquê? Porque assim esses pais não teriam preservativos para os utilizar quando necessário?

1 comentário:

O homem do portão disse...

Estou a gostar das vossas intervenções. São interessantes.