quinta-feira, 7 de maio de 2009

OS NUS E OS MORTOS E, AGORA, OS FUGITIVOS

CÃO: Sabes que mais?
PINCHA:
Parece que vens «baralhado». Que notícias trazes?

CÃO: Passei pelo homem do portão.
PINCHA:
Aquele de quem falámos em OS «CUIDADOS» NUM HOSPITAL?

CÃO: Esse mesmo. Quando me viu, chamou-me e perguntou se já sabia que havia quem fugisse do hospital mesmo nu e sozinho. Não compreendi coisa alguma.
PINCHA:
O que respondeste?

CÃO: Fiquei a olhar para ele, ligeiramente espantado. Ele continuou e afirmou que durante a sua permanência no hospital, também tinha sentido vontade de «fugir», mesmo nu e sem companhia.
PINCHA:
A notícia que foi dada na televisão não é bem assim. Parece que o pessoal tratou de «despir» à pressa e à última hora, um doente, para ele não «fugir» com os bens do hospital. Se não fosse assim, os bens dum hospital passariam para outro ou para um utente!

CÃO: Se assim foi, o soro e o oxigénio não eram do hospital? O hospital ficou a perder.
PINCHA:
O pior de tudo foi a viagem de cerca de 400 km entre Amadora e Ponte de Lima, sem companhia e sem qualquer assistência.

CÃO: Sabes que o homem me disse que a privacidade, até na casa de banho, é completamente ignorada nesse hospital e que as «auxiliares» abrem as portas enquanto os doentes, mesmo sem necessidade de ajuda, estão nas sanitas ou a tomar banho para depois se mostrarem muito surpreendidas? “Parecem daquelas encenações de comédia” disse-me o homem.
PINCHA:
Serão todas assim?

CÃO: Pelo que ele me fez significar, parece que foram aos caixotes de lixo ou aos contentores de reciclagem buscar o pessoal que foi rejeitado para a transformação.
PINCHA:
Será que pagam pouco e não conseguem melhor?

CÃO: Ele mostrou-se indignado com a situação e disse que até muitos médicos se fartam de andar pelos corredores a conversar, mas não prestam a devida atenção aos doentes nem lhes dão respostas pertinentes.
PINCHA:
E os gestores desses estabelecimentos quase públicos que «ganham mais do que bem» e têm «benesses» e «mordomias» não vêem isso? Provavelmente, não dá lucro.

CÃO: Depois de tudo isto, em que irá dar o inquérito que agora dizem ter instaurado?
PINCHA:
Provavelmente, vão «arranjar uma justificação» para os factos «insólitos», «raros», «inadmissíveis» que nunca acontecem e irão punir um dos intervenientes «mais baixos» desta cena, só para satisfazer a opinião pública. O resto vai continuar na mesma, incluindo os chorudos proventos dos mandantes!

CÃO: Lembras-te daquilo que o homem do portão nos disse sobre o enfermeiro de óculos bem falante que mandou para análise duas ampolas de sangue sem o rótulo ou a etiqueta do «dono»?
PINCHA:
Achas que se um doente tivesse feito algum reparo sobre o assunto aconteceria alguma coisa? Haveria uma justificação e os colegas estariam do seu lado. Uma mão lava a outra.

CÃO: Este é um país de brandos costumes, não é? E de mãos limpas!
PINCHA:
Fica a saber que as responsabilidades, mesmo que não existam, exigem-se só aos que estão mais «abaixo». Os outros ficam postos de lado ou «arquivados» e, quanto mais depressa, melhor! Chama-se a isso «Quickport». Por isso, é bom que os meios de comunicação social, uns a favor, outros contra, estejam a vasculhar a vida daqueles que estão na ribalta e a «mexer no nosso bolso». Sempre se vai sabendo alguma coisa, como as escrituras que desaparecem, falências que acontecem, projectos que se aprovam à última hora (ante-projecto de Empresa na Hora?), PDM que se vão adaptando, conversas «inocentes», etc. etc. Mesmo que se faça uma rotação de 360º como propõe o BES, não se consegue vislumbrar uma ténue luzinha na escuridão.

CÃO: Mas os «mais baixos» que souberem os «podres» dos «mais altos», podem «ficar a salvo».
PINCHA:
A não ser que, com a crise a aumentar de dia para dia sejam «comprados» com muito menos do que aquilo que ficou «a salvo».

CÃO: Estás a fazer lembrar a situação de Dias Loureiro. Toda a gente a falar mal dele quando ele até se indignou, pubicamente e na Assambleia, com as calúnias e as más notícias que se fizeram propalar a seu respeito. Não há pachorra!
PINCHA:
Agora que «re-ganhou» a memória, vamos «ouvir» da sua boca a história limpinha, honesta, cheia de trabalho, sacrifício, valores morais e éticos de toda a sua vida, desde criancinha.

CÃO: E o Presidente da República que não se embaraça com a sua presença no Conselho de Estado!
PINCHA:
Se ficasse embaraçado nunca mais se «curava» dessa doença. É provocada por um vírus que afecta tudo e todos. Descobres algum «partido» em que não exista alguém infectado? É por isso que eles se juntam em «partido». Se estivessem inteiros talvez não ficassem doentes.

CÃO: Não é de homens assim que necessitamos neste país?
PINCHA:
Só te posso dizer que temos o que merecemos. Eu, sentado neste banco à sombra da árvore e tu, deitado aí, fazemos o quê? Não estamos a aceitar tudo aquilo que até a reciclagem rejeita?

1 comentário:

Mário de Noronha disse...

Infelizmente, merecemos aquilo que temos.
Porquê não começar a pensar de outra meneira e «educar» os vindouros a terem uma mentalidade sã, coerente e virada para o progresso?
O futuro está aí.
psicologiaparaque.blogspot.com