quarta-feira, 18 de junho de 2008

AS LIXEIRAS E OS POLÍTICOS

Cão: Ouviste aquela notícia dada na SIC pela Conceição Lino de que uma senhora, por acaso mais cumpridora do que muitas pessoas, foi notificada para pagar uma multa entre 400 a 3700 euros porque encontraram, indevidamente, numa lixeira, um envelope endereçado a ela? Pincha: Fiquei confuso e incrédulo com essa notícia. Porque iria ela deitar um envelope dirigido a si numa lixeira a 15 quilómetros de sua casa? Não teria mais nada que fazer ou estaria disposta a infringir as leis, deliberadamente, com tanto sacrifício? Por acaso, essas empresas transportadoras dos lixos para as lixeiras, não são, geralmente, dirigidas por alguns dos políticos que nos governam?

Cão: Não sei, mas porque teria ela deitado a carta no lixo?
Pincha:
Sei lá se foi ela que a deitou ou se foi mais alguém que fez isso? Contaram-me que uma vez, numa casa abandonada, mas com dono, este recebeu uma carta com uma conta antiga. Como a porta do quintal não estava fechada à chave, um «pobre necessitado» entrou e fez as suas «necessidades maiores». Utilizou um bocado de viga grossa que segurava o portão de entrada para arrombar a caixa de correio, tirou de lá uma carta, limpou o «sim senhor» à mesma e deitou o envelope no jardim. Essa conta «bem pintada» e amarrotada estava no cesto do lixo mas o envelope encontrava-se à solta no jardim perto duma árvore onde se encontrava o «presente». Quando o dono da casa foi retirar o correio, sem poder ver a conta, apanhou o envelope e, assim, teve a possibilidade de se dirigir à entidade emissora para saber do que se tratava.

Cão: E o que é que aconteceu?
Pincha:
Pagou o que devia, tendo tido conhecimento de que o atraso no pagamento daria direito a uma multa. E se a transportadora dos lixos depositasse o extracto da carta e o respectivo envelope na tal lixeira o que aconteceria?

Cão: Provavelmente, ele teria o prazer de pagar uma coima já que se tinha safado da outra. Não era bonito?
Pincha:
Brincas com coisas sérias mas, se todos os programas de «propaganda» chamados pedagógicos, que se apresentam na televisão com actores e actrizes conhecidos, dessem mais esclarecimentos seria muito melhor do que deixarem-me na ignorância em relação a muitas coisas importantes. Por exemplo, eu ainda não sei onde deitar uma embalagem de plástico que tenha servido para transportar comida dum pronto a comer. Julgo que as garrafas têm de ser deitadas no vidrão, escorridas e sem as tampas de plástico ou de metal. Estas, de metal e de plástico juntamente com as embalagens, vão para o contentor amarelo, também bem escorridas. Julgo também que o papel e o cartão devem ir para o contentor azul. E os panos de limpeza? O que se mete no contentor dos lixos da casa e comida? E o papel químico? Etc. etc?

Cão: Tu não leste as instruções que foram distribuídas?
Pincha:
Li aquelas que foram distribuídas há bastante tempo e não fiquei completamente elucidado embora faça os possíveis para ir ao encontro do pretendido: Poluir o menos possível e despoluir o ambiente que é nosso e que vai ficar para os vindouros.

Cão: Então, estás a fazer bem e não precisas de mais nada.
Pincha:
Não sei se estou a fazer bem, mas preciso de mais informações.

Cão: O que queres mais?
Pincha:
Que em vez de campanhas com actrizes ou figuras conhecidas a dizer que «dão presentes», necessito que me digam concretamente, em cada caso específico, o que devo fazer e como devo actuar. Se são actores, que montem uma cena a apresentar todas as hipóteses possíveis a fim de podermos dar respostas correctas. Se a cena for repetida, mesmo que seja menos frequentemente do que agora, as pessoas podem ver aquilo que devem fazer na prática. Teriam pontos de referência para o seu futuro procedimento. Além disso, assim como aparece a DICA ou outros folhetos de propaganda que são impingidos nas nossas caixas de correio podiam ser distribuídos folhetos elucidativos pormenorizados, equivalentes às situações apresentadas na televisão. Isso seria uma ajuda válida e substancial.

Cão: E achas que isso motivaria as pessoas a comportarem-se melhor?
Pincha:
Depois disso, só quem não estivesse motivado procederia doutra maneira, coisa que agora fazem muitos porque não estão devidamente elucidados, tal como eu.

Cão: E donde viria o dinheiro para isso tudo?
Pincha:
Não teria de vir de parte alguma e seria muito menos do que aquele que está a ser gasto nas actuais promoções da televisão. Além disso, até bastava apenas utilizar um dos inúmeros boletins dos municípios para dar estas informações em vez de serem preenchidos com os «feitos valiosos» dos nossos «ilustres, atentos e competentes» dirigentes municipais.

Cão: E ficarias satisfeito com isto?
Pincha:
Em princípio sim. A não ser que arranjassem uma lixeira específica para «eles», mesmo que não houvesse instruções adequadas. Eu saberia onde os colocar correctamente e sem sombra de dúvida.

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